Gostaria que tu fosses um sonho, para poder te ter a qualquer momento
Só de fechar os olhos ou deitar, mas cada noite vazia é um novo lamento
E por não ter te dado um beijo a mais e te abraçado mais um segundo, um arrependimento
Se tu fosses um sonho, cada noite seria uma alegria, não uma espera
Cada abrir de olhos seria um mero segundo, não duraria uma era
E eu não tentaria amansar o tempo, deixaria que ele fosse fera
Espero pelo dia em que tu deixes de ser um sonho, seja toda noite realidade
Pela noite que eu não me restrinja ao teu perfume, mas tenha tua totalidade
Mas me contento com a tua lembrança enquanto isso não se torna verdade
terça-feira, 23 de abril de 2013
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Sem Borracha
Hoje me permiti escrever sem usar
rascunho. O que tá aqui, vai desse jeito pra vocês. O mais parecido possível.
Sempre que me esforço pra enxugar
o que escrevo, me sinto desonesta, hipócrita. Se a função é desabafar, então
não existem motivos pras meias-palavras, pras insinuações. Não preciso de um
espaço.
Por outro lado, às vezes é
necessário ser hipócrita. Ter amigos ruins, ter amigos. Ou seja lá o que for.
De qualquer forma, acredite, é bom ter alguém que nos permita enganar a nós
mesmos.
Hoje eu tive um sonho, e eu
lembro bem dele. É até engraçado, porque eu nunca me lembro de nada depois que
fecho os olhos pra dormir. De qualquer forma, dessa vez, fechar os olhos me fez
enxergar melhor. Pensar sobre amizades, sobre apenas ter alguém ali. Ou longe,
mas que seja confortável o suficiente pra te fazer acreditar que nunca se está
sozinho, afinal. Sim, eu sei. Drama. Muito drama.
Bom, esse é o momento pra
abandonar o texto. Mas talvez isso te traga algo também, então quem pode saber?
Isso, quem pode saber o que se
pode ganhar de outra pessoa? Quem pode saber se realmente se TEM uma pessoa,
seja em que sentido for? Como se sabe? Vou te dizer.
Eu não sei se é triste ou do que
se trata. Não é importante, também. Mas, você pode ter mil pessoas ao seu
redor, mil pessoas te dizendo todos os dias o que sentem, como gostam de você e
te querem bem. Às vezes pode ser verdade, ou não. Independente disso, amizade é
algo que vai e volta, e ser amigo de alguém não garante que o outro também seja
seu amigo. E a gente aprende isso da pior forma, sempre.
Mas se quer mesmo saber, você
consegue dizer que é amigo de alguém quando você não se sente um idiota por
falar de si e do que te incomoda. Quando você está confortável pra fazer
aquelas coisas que sua mãe sempre te repreende por fazer, dizendo que é “falta
de educação”. Amigo é quando você não precisa desse tipo de educação. Não
precisa medir o jeito com as palavras. Amigo não é aquele ser perfeito e
compreensivo, que te escuta e passa a mão na sua cabeça, ou que te diz “olha,
você está errado”, e pega na sua mão pra que façam juntos aquilo que decidiram
ser melhor. Amigo briga, discute, grita, diz que odeia, fica sem se falar por
um tempo também. E não necessariamente vocês se gostam menos. Mas amigo mesmo,
dos bons, te deixa entrar na casa dele na chuva e simplesmente ajuda. Ouve, e
as desculpas ficam pra depois. Mas elas chegam também.
Amigos não são ideais, eles têm
erros, tem seus momentos. Todo tipo de momento.
Mas ainda fica, em mim ao menos,
aquela dúvida sobre a linha tênue que separa as amizades das pessoas que
“querem o seu bem”. O quanto se pode contar, afinal? Isso eu não sei dizer,
acho que a única chance que temos é arriscar. E eu não vou te dizer que, mesmo
dando errado, acaba valendo a pena, porque também não sei disso. Às vezes vale.
No sonho, eu estava com dois
amigos, e alguns desconhecidos entravam e saiam falando coisas sobre mim, sem
saber que era eu que estava ali. Coisas realmente desagradáveis. Os meus amigos
(ou seja lá o que forem), apenas ficavam calados, olhando ao redor, me olhando
como se tivessem num teatro, o ator errasse o texto e todos ficassem segurando
o riso.
No sonho, havia alguém. Alguém
que me tirava dali de dentro e ficava me perguntando o tempo todo porque eu
ainda achava que aqueles dois eram meus amigos. Estranhamente, eu não estava
surpresa com o que aconteceu. E não estou até agora. “Nós somos amigos,
confiamos um no outro”, eu dizia ao rapaz desconhecido que me questionou, mas
mesmo dizendo isso em voz alta – no sonho e acordada – eu realmente acreditava
naquilo. De uma forma muito estranha, eu simplesmente me enganava. Ou não, a
pior parte daquilo tudo era saber que realmente eles nunca me deram suporte
quando eu precisei, mas, ainda assim, relevar. O tempo todo.
A minha resposta para o
desconhecido foi o que já disse aqui: “ter amigos ruins também é ter amigos.
Seja como for, mesmo que por engano, é bom ter o conforto (falso?) de que
alguém te faz se sentir bem pra dizer qualquer coisa”.
Quando acordei, ainda não estava
surpresa. Mas ainda estou bem incomodada: será que elas fariam algo se isso me
acontecesse hoje, agora? Ou amanhã? A resposta é não. Sim, ter amigos ruins
também é ter amigos. Sim, ter uma sensação de falso conforto por se enganar
jurando que aquela pessoa está por lá, de alguma forma é bom. Ruim é quando
você precisa encarar a verdade.
Olha, eu sei o que devem estar
pensando, mas isso não é sobre merecer. “Você merece mais que isso” não
adianta. Talvez até mereça, mas o mundo continua girando, quase uma afronta, e
a vida está repleta de coisas injustas. E daí o que se merece? Quando levanta
da cama, sai de casa, vai cumprir seus afazeres, pra quem você dá bom-dia? É
sobre isso que se trata.
Dormir de olhos abertos é
possível, assim como viver de olhos fechados. Todo mundo faz as duas coisas em
algum momento, apenas pra ficar tudo bem. Mas o quanto isso vale a pena? O
quando você aguenta ser machucado? Só a gente sabe o momento de dizer chega. Se
eu tenho um “desconhecido” pra me perguntar por que eu continuo chamando essas
pessoas de amigos? Não sei, às vezes ouço isso, mas quem realmente se importa?
Talvez eu seja a “desconhecida”. Desconhecida, sem aspas. Desconhecida pra mim,
pros outros... Mas, sem dúvida, eu me perguntei aquilo antes mesmo de levantar
da cama. O mais desconfortável é ainda não ter uma resposta agradável. Mas
vamos ver até onde vai o meu limite, afinal.
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