domingo, 24 de janeiro de 2016

Dias ruins

Deita.
Repensa toda a sua vida.
Chora. Sozinha, como sempre parece ser.
 
*Telefone toca. Mensagem*
"Oi, você tá aí? Tô mal, preciso conversar"
*Enxuga as lágrimas, engole o choro*
"Oi, o que houve?"

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Ilhada

As vezes as coisas não são o que parecem ser. Mas as vezes elas são, sim.
Talvez não seja assim pra você, mas a vida, a minha vida, é como estar numa ilha. Nessa ilha não tem ninguém e não lhe é permitido tocar em nada. Você não tem forças pra lutar.
As mesmas pessoas que te incitam a lutar são as que te impedem de tocar em tudo. As vezes, não.
Cada dia que passa, os barquinhos vão indo embora. Apenas indo. E isso não traz alívio.
Aquele barquinho é uma oportunidade de seguir. É o apoio das pessoas, ou apenas se sentir confortável. As pessoas são as mesmas de sempre, a vida também.
Você se torna, aos pouquinhos, os seus próprios demônios. Estar dentro de você é insuportável. Ruim, e aumentando.
E então, voltando. Tem os barquinhos. Eles são os refúgios. São o conforto trazido pela música, pela luta pelo que eu acredito e o conforto distante e próximo. E eles se vão.
E você tem que continuar, porque você não tem coragem. Tem apenas medo e uma falta de energia que te surpreende até que você esteja respirando. Então você segue. Você se dedica à sua música, porque precisam de você. Se dedica à sua luta, porque você pode fazer a diferença e se dedica às pessoas, na esperança de que os barquinhos voltem para cada um desses cantinhos que antes te preenchiam.
Eu entendo, sabe?
As pessoas querem ajudar e se esforçam pra isso. Ao menos, algumas. E eu não realmente me SINTO FELIZ, ou satisfeita. Mas, fora de mim, existe o sentimento de "que bom, obrigada". E esse é o melhor que eu posso ter.
Morrer é difícil, porque a morte é boa. Ela expulsa tudo. Mas viver, mesmo sendo um pé no saco, é o que resta. Porque você tem coisas a fazer e responsabilidades para com as pessoas.
Não que você seja insubstituível, mas se tudo que você faz é pra que as pessoas fiquem melhores, porque simplesmente dar a elas algum sofrimento? É isso que me prende. E é isso que me deixa aqui.
Vamos seguir. Não dá tempo de falar mais. Se lava, maquia essa cara e vai lá. Mas não toca em nada, tá?
É assim que é e lutar fica difícil.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Out

Não importam as suas intenções:
Nem você, nem ninguém tem o direito de me dar esperanças de algo que você não sabe se existe.
Mas
Fora isso
Tudo bem.
Obrigada.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Vida e Morte

Alguns acham que abreviar a própria morte é um ato covarde.
Quero que saiba que covardia é viver pra não machucar os outros. Morrer é corajoso, é honesto. A morte é a dançarina mais leve: ela te faz flutuar. A vida é um pisão no pé. De salto.
Dor é uma coisa com a qual a gente acostuma, mas é cansativo, sabe?
É cansativo ficar sem respirar porque o choro entupiu o seu nariz. É cansativo e é pesado viver. E cada dia, morre um motivo. De repente, você perde a perspectiva. E aí, tudo bem.
Tudo bem se você "se arranha por acidente", se você "caiu da escada" - olha que desastrada - e agora a sua perna está cheia de hematomas. Tudo bem se aquela parte escondida da sua coxa direita fica cheia de marquinhas, porque você começa a testar o quanto em dor você consegue sentir (e as imperfeições do seu corpo irão disfarçá-las). Tudo bem. Ninguém está procurando isso.
Existir se torna fácil. Você simplesmente está lá, e as pessoas estão lá também. Elas dizem que você fica ótima de batom, você diz que te ajuda na auto-estima, mas a verdade é que é literalmente mais fácil desenhando um sorriso de batom no próprio rosto. E sim, isso é possível. Cobre aqui, descobre ali. E o que eu não estou cobrindo, certo?
Morrer é a parte mais difícil. Pra morrer, é preciso coragem.
A única coisa que eu tenho é um talento pra me esconder. Me esconder em plena vista. Sorrindo sempre, fazendo as mesmas piadas. Estando com pessoas que não tem nada a ver comigo, apenas porque "não é bom para você estar sempre trancada". Porque quando você some, as perguntas vêm. E elas vêm porque eles se importam? Demora um tempo, mas você percebe que não. As pessoas não gostam do que é diferente. Se foge à norma, é melhor "consertar". Foge à norma não "procurar a felicidade", mas cada um pode ter aquilo que pode, e a felicidade não é como o ar, a felicidade é questão de ter. Então eles perguntam, eles dizem "fiquem bem", e então eles vão embora. Porque eles não se importam, eles apenas querem saber que, mesmo do modo mais genérico possível, tentaram falar algo positivo pra alguém que estava "estragando a paisagem" da vida dela. Felicidade é questão de ser. Como a coragem. Não tenho coragem, e não tenho felicidade.
Então eu digo que está tudo bem. E não tenho ninguém pra dizer que não está. Ninguém que se importe. A gente veste a máscara esperando que um dia ela grude no nosso rosto. Faz a maquiagem esperando que algum dia alguém perceba. Mas ninguém perceberá, porque ninguém se importa.
Alguns acham que morrer é um ato covarde. Morrer é um ato nobre. Abreviar a morte é reconhecer que a vida já te deu tudo que havia para te dar e que você já contribuiu com tudo que podia também. Morrer é corajoso, viver é que é difícil.

Um pouquinho mais,
Sour.