terça-feira, 31 de maio de 2011

Brisa

Em noites de inverno, deixo minha janela aberta
E para poder ouvi-la entrar, deixo minha mente desperta
Fecho os olhos enquanto espero o tempo passar

Mesmo que o frio entre, ele não me afeta
E a presença dela é sempre discreta
Quando ela vem me abraçar

Entre a luz das estrelas
E a palidez da lua
Ela beija minha pele
E abraça minha alma nua
Entra em meus poros
E respira minha vida
Me cega e ensurdece
Mas logo está de partida

Quero dias de chuva e noites sem nuvens
Apenas para que as estrelas não me culpem
E para que a brisa ainda me abrace
Que o frio ainda beije minha face

E para que nao restem dúvidas, nem nas sombras
Não quero que a noite se esconda
Nem que o dia nasça muito cedo
E quero que reste apenas um pouco de medo...

E entre a luz das estrelas
E a palidez da lua
Ela beija minha pele
E abraça minha alma nua
Entra em meus poros
E respira minha vida
Me cega e ensurdece
Mas logo está de partida

domingo, 29 de maio de 2011

Isso de amor, nunca usei

O problema com o amor é que ele nos liberta. Nos livra demais, nos desprende, e nos acorrenta a uma só vida, a um só amor. Não se pode amar uma coisa só, não se pode escolher uma coisa só. Um ser humano não sabe voar, sabe somente ser levado pelo vento até pessoas desconhecidas, que o arrebatam, mas que não merecem desprendimento, uma escolha daquele tamanho. O problema com o amor, é que ele parece bonito demais, perfeito demais, avassalador demais. O problema do amor é que ele te deixa sofrer. Mais que isso: ele te faz sofrer. Tudo isso porque amar é uma desventura da vida. E a vida não me parece muito competente para escolher quem deve me deixar a mercê de algo que vai doer no coração só pra mendigar um amor mais tarde.
O problema com as pessoas é que elas amam. Elas não conseguem não amar, elas agem como se a vida pudesse realmente estar certa quando ao amor, como se existisse algo que caminhasse pra te guiar até algum desconhecido, aquele que você sonhou ontem depois de ver um filme romântico, mas que não lembrava bem como era. É, as pessoas amam. Amam demais, e amam as pessoas erradas. Amam pessoas anestesiadas, incapazes de amar, incapazes daquilo que se faz depois do silêncio sepulcral. O problema é que nem todos sabem amar, nem todos conhecem isso, sequer sabem o que é isso. Nem todos querem amar. Nem todos amam, perdão.
E quem é essa pessoa afinal? O que raios é isso? Um dia foi desconhecido, um dia foi alguém sem significado, um dia foi apenas um animal que passava por algum lugar. Um belo dia se tornou alguém vindo na sua direção que parecia conhecer tudo sobre você, porque também era daquele jeito. De repente era alguém familiar, alguém que significava demais, alguém que fazia tão bem que não conseguiria jamais fazer mal. O problema das pessoas é que elas amam alguém que não sabe amar.
E eu não sei amar. Eu não sei o sentido disso tudo, eu não conheço aquela dor, aquele caminho, não reconheço aquela pessoa sorrindo na minha direção. Eu não sei ser alguém sorrindo na direção de ninguém que depois vai querer me amar até que doa tanto que não possa mais sentir. Eu não sei dizer isso, não sei conceber isso, não sei como se age diante disso, não sei como se faz isso. Nem sei se conseguiria fazer. Pessoas não vem sorrindo só pra dizer que querem tomar banho de chuva e falar bobagem do meu lado; pessoas não sabem me amar. Pessoas não sabem querer me mimar, me trazer chocolate ou ligar de madrugada para me ouvir. Pessoas sabem me dizer o que é e como se ama. E o que se faz quando se ama. Mas pessoas não sabem me amar. Não que eu queira amar, não que eu possa amar, não que eu consiga amar. Não que consiga que alguém me ame, não que alguém possa faze-lo, não que eu queira que alguém o faça. Pessoas perdem tempo demais cometendo erros irreparáveis nas vidas umas das outras, e eu tenho como meta extinguir meus erros na vida alheia, não fazer pessoas sofrerem. Perder tempo com erros que ferem os outros é irracional. Principalmente para mim que não sei amar.
Mas o que me mata é querer fazer alguém feliz, é poder tomar banho de chuva e dançar no meio da rua. Eu sei fazer isso sem amar. Mas não amar é sempre tão impactante que parece meio frio demais pras outras pessoas. Parece inconcebível. Parece que eu DEVO amar. E eu não devo. Principalmente se eu não conseguir fazer isso. Eu sei sorrir, eu sei escrever coisas sinceras, sei dançar, sei até fazer duas pessoas se amarem. Mas não sei amar. E daí, tem gente que não anda de bicicleta. Não é mais feliz que eu porque ama. Mas o que eu quero com isso é dizer que eu não sei como se causa frios na barriga, tremedeira nas pernas, sorrisos bobos, medos e ansiedade. Drogas fazem isso. Doenças fazem isso. Eu não faço, eu não sei. Há quem saiba. O que me dói é deixar alguém entrar na minha vida procurando esse amor, esse sorriso, essa desestrutura, esse norte, esse novo sentido. O que me destrói é dizer que não posso oferecer esse caminho, que esse não é o meu caminho, não é o que possa fazer. Porque mesmo quando não querem entrar na minha vida, mesmo quando descobrem que não sou o bastante pra trazer aquele frio estarrecedor no estômago, ainda assim, querem que eu ame. Não que eu os ame, mas que ame qualquer um que é capaz de amar. Pessoas capazes de amar não amam pessoas como eu. Amam pessoas capazes de fazer sorrir. Amam pessoas doces, pessoas que cuidam e que podem ceder. Pessoas assim amam pessoas que se encaixam no molde da sua vida. Pessoas que amam não amam alguém como eu, amam alguém de verdade.
Para amar é preciso algo impressionante, algo que a faça superior, é preciso qualquer ar de doçura e carinho. É preciso qualquer verdade na respiração que ofega e no poder de fazer querer. Para ser amada, é preciso que não se defina: é preciso mulheres-meninas, ou meninas-mulheres, se a quiser com ar de inocência e simplicidade. Para ser amada é preciso aquela capacidade estarrecedora de arrebatar tudo a sua volta, é preciso saber fazer brilhar olhos mesmo sendo só uma menina. É preciso ser aquela mulher que vai abrir a passagem para aquele mundo novo onde aquela dimensão paralela os faz querer ser somente um do outro. Para amar é preciso voar. Para ser amado, é preciso dar asas.

Sour.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Ombro

Espero que você saiba que dançar no silêncio é sinal de loucura
Mas nem por isso deixa de ser divertido
Cantar para as paredes nunca foi o mal, nem sequer a cura
É apenas um sintoma de que se está sozinho

Espero que você saiba que às vezes precisará gritar
Xingar o vazio com toda sua ira interior
E que você pode ver sua própria cabeça rolar
Se não der um grito quando sentir muita dor

Espero que você saiba que eu não vou estar sempre aqui
Mas que, enquanto eu estiver, pode chamar meu nome
E que você entenda que nem sempre que você sorri
Toda a tristeza ao seu redor some

Espero que você saiba onde achar um amigo
E, se não achar, saiba que pode contar comigo

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Surpreenda-me...

Com amores simples.

Com sorrisos bobos ou com cócegas na barriga.

Surpreenda-me tomando banho de chuva.

Surpreenda-me com seu toque, com meu cheiro...

Conheça meu corpo, conheça meu arrepio.

Desvende minha carne, sorria com meus suspiros.

Tire sangue da sua saliva, alimente meu vício.

Conheça meus vícios.

Deixe-me ser sua, dissolva-se em mim

(Como se faz com ácido).

Me deixe sorrir pra você, me deixe suspirar pra você.

Me deixe ir com você.

Me deixe.

Conheça minha doçura.

Surpreenda-me.

Conheça-me.

E o prazer é (todo) seu.

SweetieSour.

domingo, 22 de maio de 2011

Vozes

Eu ouço uma voz em minha cabeça
Toda vez que a luz some
Ela está sempre por perto
E sussurra o meu nome
Se despedaça em silêncio
Toda vez que a luz retorna
Uma caricatura de minha própria sombra
É o que essa voz me torna

Toda vez que fecho meus olhos
E permito que o fogo adormeça
Sou acordado pelos vultos
Que povoam minha cabeça

A escuridão repele minha sanidade
Como sua pele repele meu frio


Sinto sua presença em minha pele
Toda vez que me corto
Me acostumei à temperatura do medo
Então eu me conforto
Mesmo quando eu estou só
O silêncio não está morto

Toda vez que fecho meus olhos
Permito que a sanidade adormeça
Não tenho nenhum descanso
Por causa das sombras em minha cabeça

A escuridão repele minha sanidade
Como o fogo repele o frio
Minhas mãos estão atadas
E minha boca beija o vazio

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Post Zero - Parte II

Sempre tive problemas em começar textos. O importante a dizer aqui, é que não pretendo ter obrigação com nada ou com ninguém. Escrevo (de) dentro das minhas entranhas, escrevo com sangue, escrevo com lágrimas, e com sorrisos.
Acho que existem muitas formas de conhecer um pouco sobre as pessoas. Quem me lê às vezes acaba me conhecendo e entendendo mais sobre mim do que quem me ouve. É muita força, muita intensidade. É muita hemorragia, pouco medo. Mergulho no que digo, e não sei desdizer. É tão intenso que não dá pra mentir. A partir de agora, aquele que me ler, saberá quem sou. E olhará pra dentro de mim sem olhar nos meus olhos. Não vai me ver, nunca vai me ver. Mas vai ver o que interessa.
Nos dias de doçura, quem ler, saberá. Sou Sour, sempre Sour. Mas também sei ser Sweetie. Posso ser sua Sweetie. Posso ser apenas Sweetie. Até poderia ser apenas sua, se isso não fizesse eu me sentir um pedaço de carne.
O Panacéia Perversa (ou apenas PP) pretende ser um diário, daqueles recebem nossos pensamentos e que tatuam a gente por dentro. Que expressam sentimentos. Qualquer sentimento. E sentimento de mulher é potencialmente mais perigoso. Mulheres tem TPM. Mulheres sentem-se (muito) carentes. Sentem-se felizes. Sentem dor, ficam tristes. Amam. Eu quase não amo, mas amo com intensidade. Em mim, tudo é intenso, o que me faz temperamental. Pequena e temperamental. Nas vezes em que isso é bom, talvez eu renda alguns bons escritos. Nunca entrarei pra posteridade, mas meus monstros pessoais sairão de mim. Eu pretendo. Eu espero.
Não quero escrever pra você, não quero escrever pro Bruno, não quero escrever pra ninguém. Nem pra mim. Com certeza, não quero escrever pra mim. Quero que isso saia de mim. Qualquer dia, vocês devem entender alguma coisa do que escrevo. Quando isso acontecer, o texto também será seu. Minhas letras serão um pouco suas. Minhas palavras serão um pouco suas. É assim que eu consigo ser de vocês. Assim eu sou “sua Sweetie”.
É bem clichê quando as pessoas falam que “podem comentar e falarem o que quiserem”. Claro que podem. O espaço está lá, e o texto também. Está passível de críticas, senão não estaria lá, e é claro que podem falar o que quiserem. Feliz ou infelizmente, eu não me importo muito, mas se for pra xingar a mãe, como o Bruno falou, que seja a mãe dele. Eu não ligo, mas minha mãe liga.
Compartilhar sentimentos é uma sensação mais velha que a soma das idades da Hebe e da finada Dercy Gonçalves, que o diabo a aguente. A gente sempre espera do outro, e o outro espera da gente. Pra que um se proponha a aceitar parte de uma dor, e que o outro se proponha a doar felicidade pra tapar o buraco que ficou. E vice-versa. Ainda bem que não espero isso de vocês, estaria frita. Desculpe a aparente falta de confiança, mas se expor os sentimentos tão cruamente pra você ler não é confiança, então, por favor, alguém me explique. Grata. Não sei como chegou aqui e nem sei como aguentou me ler, mas só por isso você merece parabéns, porque é quase um santo. Por hoje você me aguentou. Espero que volte amanhã. Volte sempre. Esse é nosso mundo, e só a gente entende. Agora é um pouco seu também, entenda. Ninguém sabe, ninguém entende, mas o mundo é nosso.
Sua Sweetie.

Post Zero - Parte I

Algumas pessoas cantam bem, algumas pessoas dançam bem. Eu não sei fazer nada bem, mas gosto de escrever. Ajuda a exorcisar alguns demônios. E cria alguns outros também.

Por sorte, eu não sou o único, senão não teria saco pra começar isso aqui. E esse "aqui" vai ser o meu lugar de exorcismo e criação de alguns desses demônios. Eu e a Sweetie vamos escrever. Apenas isso. Sem amarras, objetivos ou destino conhecido. Poesia, crônica, prosa. Não importa como. Música, amor, cinema, medo. Não importa por que, nem sobre o que. Apenas escrever.

E o que significa "Panacéia Perversa"? Bem... absolutamente nada. Mas soa quase como um oxímoro, e eu tenho verdadeira paixão por oxímoros. Alguns dos meus versos que vão aparecer por aqui vão mostrar esse meu amor. Inclusive se alguém conseguir entender o que as coisas que eu escrevo significam, agradeço, já que, pra mim, muitas delas não fazem sentido.

Mas enfim, se você está lendo isso, possivelmente chegou aqui por acidente. Ou não. Independente disso, se gostar, fique à vontade, leia, comente, xingue as nossas mães. Ou não. Nossa ideia não é ter algum retorno ou resposta. Apenas queremos escrever. E bem, se você está lendo isso, quer dizer que atingimos o nosso objetivo, não?