segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Crescer

E agora que tudo se partiu
Onde estão as promessas?
Restos do que já quase foi real
Se eu quiser partir, não me impeça

As mãos foram atadas
Mas o crime já foi cometido
A mente está descansada
Mas o corpo está exaurido

Que venha o destino
Que aconteça o que tiver que acontecer
Perdemos o nosso domínio
Mas nós precisamos disso para crescer


Talvez haja mais realidade
Naquilo que um dia se acaba
Você não sabe que está no céu
Até que ele desaba

E entre escombros e poeira
Alguma hora você se encontra
Você já foi um ser humano
Mas agora é uma sombra

Que venha o destino
Que aconteça o que tiver que acontecer
Perdemos o nosso domínio
Mas nós precisamos disso para crescer


Segurança e terror
Medo e torpor
Meros estados de consciência
Inferno e redenção
Loucura e razão
Um e outro, apenas conseqüência

Que tudo desmorone
Que venha a nossa perdição
Que a corda se tensione
Que não haja ar, nem respiração

Que venha o destino
Que aconteça o que tiver que acontecer
Perdemos o raciocínio
E ainda precisamos crescer

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

E moeda de troca, tem?

"Oi, te amo."

"Bom dia pra você", foi o que ela respondeu. Ele passou semanas treinando frente ao espelho, estudando a melhor forma de dizer que a amava, e tudo que ela tinha a dizer era "bom dia". Não, não era um "bom dia". Ele acabara de entregar seu coração (e entregaria tudo mais que ela quisesse) em troca de um bom dia quase sem sonoridade, vindo de uma mulher que sequer tinha ouvido o que ele disse. Olhou bem pra ela e a viu interessada pelo café, como se precisasse desesperadamente de um gole pra aguentar o dia. Sentiu-se insuportável, e tentou ponderar pra levar a situação adiante. "Talvez estivesse frio" ele pensou, mas o café não era a única coisa fria. No segundo seguinte, o espaço que tinha antes um coração estava preenchido de ar gelado de fim noite. E ainda era dia. Um "bom dia", pra ser mais exato.


"Bom dia pra você".

Saíram automaticamente poucas palavras frias da boca dela. Ela não se importava mais, afinal, era só mais um dia. Então parou, sentiu o café frio, mas sabia que não era aquilo que havia a surpreendido. Achou ter ouvido algo diferente do usual. "Eu te amo". Sim, era isso, era um "eu te amo", agora tinha certeza. Simples, como um "me passa a caneta", e aquilo parou seu mundo por completo. Assim, de cara, em plena quarta-feira. Sabia que não conseguiria esconder o quão tinha ficado sem jeito, e teve medo disso. Tinha medo dele. Era hora de encarar, ela tinha medo. Tinha medo porque se ele entrava pela porta, ela estremecia toda, suava e se sentia como se fosse a melhor coisa que Deus já havia feito. Mesmo que ele pedisse somente a caneta.


Mas não era uma caneta. Era um "eu te amo" ensaiado por semanas, um coração entregue na mesa de trabalho dela. E ela não sabia o que fazer, o que dizer. O mundo tinha ficado diferente de alguma forma, e aquilo encheu o coração dela de vida, porque também o amava. E, diante daquilo, sonhava em simplesmente pular no pescoço do rapaz, mas, ao invés disso, seu cérebro havia congelado. O café de repente se tornou a coisa mais quente que havia por perto, e ela precisava fazer alguma coisa. E fez. Nada. Decidiu fazer daquilo algo casual, na tentativa desesperada de diminuir seu embaraço e falou alguma coisa que esperava que lhe desse forças pra dizer o que sentia. Abriu a boca e as palavras fugiram antes de serem engolidas. A sorte havia sido lançada.
Ele, por sua vez, esperou por ela. Esperou seu amor, esperou que ela o quisesse também ou que ela não o quisesse. Esperou alguma atitude, mas não recebeu nenhuma. Ainda assim, ficou parado por alguns segundos diante da mesa, se sentindo um idiota. Depois de alguns segundos, quando estava decidido a simplesmente dar as costas e seguir em frente tomando garrafas e mais garrafas de whisky às oito da manhã, ouviu a vozinha doce dela, falando pra dentro como se tivesse pensando alto. "Disse alguma coisa?" foi o que ela perguntou distraidamente. Teve vontade de dizer que sim, que tinha acabado de fazer a coisa mais destrutiva de sua vida, ou algo assim. Ao invés disso, ela estava tornando tudo mais difícil, então ele simplesmente voltou atrás. "Nada", foi a sua resposta. E saiu pela porta, mais embaraçado que decepcionado, e estava escrito na testa dele o quão despedaçado ele estava. Podia-se ler na sua cara, nitidamente, um "Troco meu coração por uma moeda".

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Imperfeição

Por algum motivo, a perfeição sempre me pareceu algo muito além de meramente inalcançável. Acho que a palavra certa é “monótona”. A idéia de perfeição que nos vendem, e que nós aceitamos sem pensar muito sobre ela, tornaria nossas vidas simplesmente insuportáveis.

Eu gosto de dias sem sol, céus nublados, janelas com gotas de chuva e vidros embaçados. Toalhas molhadas aos pés da cama para provar que alguém esteve ali. O perfume quase doce demais que ficou levemente no ar, como um fiapo de lembrança. As traças que devoram as fotos antigas, as memórias novas que roubam o espaço que há pouco era ocupado pelas memórias velhas. O gosto amargo no fundo da boca que sobrepuja o doce que azedou.

Gosto de olhos que derramam lágrimas, rostos marcados tanto por sorrisos quanto por pranto. Da pele que foi arranhada, mesmo que numa brincadeira, seguida seja de lágrima, riso ou sangue. Do pulso que tem tantas cicatrizes quanto o coração. Gosto da idéia de cicatrizes, de que elas são a prova de que você viveu, de que passou por algo que te marcou, seja de uma forma boa ou má. Mais que isso, amo as minhas cicatrizes, elas me provam que eu não apenas vivi, mas senti, não passei incólume pela vida de forma nenhuma. As cicatrizes são como relíquias que você tem que guardar, e deve olhá-las de vez em quando pra relembrar da lição que foi tão dolorida de aprender, afinal, por pior que tenha sido, passou, mas deixou algo de bom.

Tudo sempre deixa algo de bom, sempre. É só uma questão de saber transformar, olhar com outros olhos, por outro prisma, essas pequenas imperfeições para notar que a perfeição existe constantemente em tudo que dá errado e machuca. Soa clichê, e de fato é, mas nada é tão errado que mereça ser completamente esquecido.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Faces

É como reabrir a gaveta do criado-mudo

E descobrir um passado esquecido:

Lá no fundo, na escuridão daquele espaço

Havia pedaços há muito confinados.

Eram elas, as feridas, libertando as marcas do que há muito se escondia em você

Aquilo que personifica sua singularidade

E que te move a ser quem é.

Dói saber que seu “diferencial” faz de você apenas mais um

Entre os “únicos” a circular por ai?

Dói saber que aquilo que você acredita

Não tem que ser verdade para todos?

E esse tom, o que faz de você um ser um ser superior?

Continue a andar, deixe seus pedaços pelo chão

Espalhe sua arrogância em conserva pelas ruas afora...

E não se esqueça de recolher suas palavras:

Elas ficarão fora da gaveta

Enquanto sua imagem fica trancada a sete chaves

Mas após apanhar as latas pelas ruas

Pude enxergar algo em você:

Agora sei onde você se esconde.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Magia

Deixe que o sangue pingue e que a lágrima escorra
Não há por que se entregar ou deixar que a magia morra
Deixe que o feitiço tome conta da sua mente
Não há motivo para deixar de ser incoerente

A luz em suas mãos, a voz em sua cabeça
E a voz em sua boca insistem que você esqueça

Deixe que haja escuridão e um pouco de silêncio
E que o medo se torne cada vez mais intenso
Que haja culpa sem castigo e crime por omissão
E que a insanidade tome conta de toda razão

A luz em suas mãos, a voz em sua cabeça
A voz em sua boca insiste que você esqueça
Se esqueça que não há mais voz, o grito ficou mudo
O silêncio berra quando você se corta fundo
Mas não atinge a veia, e então não há dor
Também não há luz, e por isso não há cor
Você não se deixa, não se permite sangrar
Quer provar para si que pode viver sem ar
Prende a respiração, esperando que a magia aconteça
Mas não pode impedir que a vida adormeça
O peso lhe cansa e os ombros não resistem
Você não quer ouvir, mas as vozes insistem
"Você tem que continuar, não pode parar agora"
"Apenas mais um corte ou a magia se deteriora"

Feito o último corte, está completo o ritual
Agora só há escuridão, para o bem ou para o mal

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Inesperado, Inevitável e Só

“Prefiro chocolate preto que chocolate branco”. Acredita que ele me disse isso? Como se fosse algo comum e normal!

E diante de uma prateleira de barras de chocolate, como se fosse uma comedora-compulsiva-diabética-em-série, ela se sentiu confusa: chocolates, doces, cores, sabores... e a vida dela não tinha sabor nenhum. Na verdade, tinha: tinha um sabor amargo. Sentia-se comprimida, tinha um coração com medo de sair de dentro do peito, como devia ser no amor por ele. O amor dele, que devia ser eterno pra ser verdadeiro. Mas o dela não era, e só tinha aquele. Sentia-se encurralada o tempo todo, como se todas as ruas tivessem sumido de repente. Precisava dele, outra pessoa não servia. Ela gostava dele. Dele.

Droga, ela o AMAVA, nunca tinha dito isso a alguém antes. Não porque tinha medo e escondia, mas porque nunca tinha amado antes. Nunca soube o que era, e de repente sabia. E era esquisito, porque não tinha um dicionário. Só que as coisas se embaralhavam quando ele aparecia, e ela sentia isso. Ela sentia muita coisa, muito mais, mas não entendia nada. Só gostava. Tinha medo, e gostava desse medo. Procurava esse medo, e resolveu chamar de amor e gritar pra todo mundo que tivesse audição ouvir. No dia do casamento, seria capaz de fazer sinais, dizer em libras pros que não ouvem saberem também, mas não teve necessidade. Ele pensava que isso bastava, e só queria aquilo dela, mas ela discordava dele. Discordava e SABIA que não era bem assim. Que pra esse relacionamento dar certo, as coisas precisavam ser meio diferentes. Mas ele só queria esse amor, um amor eterno e esquisito, como se todos os dias pudessem ser como na festa de casamento dos dois. Não podia, porque era diferente. E ele simplesmente discordava, simplesmente não via essa diferença. Queria que ela mentisse pro padre. Na maior cara de pau, simplesmente fosse lá e mentisse. Não podia ir lá e dizer na frente daquele monte de gente que o amaria pra sempre, como é que ela ia saber? E no momento do “sim”, ela simplesmente trocou o “até que a morte nos separe” por um “até quando estivermos juntos”, dando a impressão que se divorciariam no dia seguinte, como naqueles casamentos onde os casais estão bêbados ou drogados. Ou os dois. E agora ela estava diante da prateleira de doces, diante de sabe-se-lá-deus quantas barras de chocolate, pensando sobre os votos do casamento e chorando compulsivamente. Resolveu desistir de tudo e comprar um sorvete de chocolate. Branco.

Litros de sorvete depois, com uma pilha de comédias românticas do seu lado no sofá, como quem tenta desesperadamente aprender alguma coisa, ela chorava, deixando o sorvete de chocolate branco com um gosto salgado. Quando ele chegou do trabalho e viu a cena, o sorriso desfaleceu, pura e simplesmente. Sentiu remorso por, por um segundo, ter se preocupado com a barra de chocolate preto que pediu pra ela trazer do supermercado antes de sequer lhe dar um beijo, e agora ela estava lá, tentando decidir se se afogava no sorvete ou se enterrava nos filmes da Julia Roberts. Como se aquilo fosse culpa dele. E quando ela notou, sentiu-se ainda pior. Não por não amá-lo, mas por não amá-lo eternamente. E sentiu que devia ir embora, mas não disse isso. Disse apenas que o amava muito, se pendurou no pescoço dele e pediu desculpas. Ele não sabia pelo que devia desculpá-la, mas viu que ela não havia comprado o chocolate, e automaticamente achou que era por isso. Como se o único problema do casal fosse uma barra de chocolate. Era sempre por conta daquilo. E ele não a ouvia, vivia sempre no mundo doce dele.

Ela notou. Estava tão claro que não podia mais fugir, estava terminado. Não era culpa do chocolate, não era culpa dele. Ele tentava, mas não entendiam as coisas da mesma forma. Ela soube naquele momento – e a vida dela tinha sido repleta de momentos-que-sabia – que não podia dar certo. Que, pra uma relação como aquela dar certo, ela precisava dar a ele tudo que ele queria e precisava. Ou se esforçar pra isso. Amá-lo como fosse preciso, como ele queria, porque ele tinha necessidade daquilo. Não pelo ego, mas porque era só o que ele pediu a ela todo esse tempo. Era só o que ele tinha pra ela. Ela viu que não era suficiente, que pediu a ele muito mais do que ele a ela. Não só isso, que pediu a ele mais do que ele tinha. Na cabeça dela, isso era um relacionamento maduro, onde os dois se esforçavam pra se entender. Mas fora da cabeça dela, tinha sido egoísta, porque ela mesma não se esforçava pra fazê-lo saber, ao menos de vez em quando, que seria capaz de amá-lo eternamente se fosse necessário. Já havia tentado salvar seu casamento em silêncio. E, quando se deu por vencida estava sentada na mesa de jantar. As malas prontas, esperando por ele.

Pela segunda vez no mês o seu sorriso desfaleceu, mas naquela noite tudo estava mais claro. As malas estavam no chão e ele a olhava de um modo que a fazia sentir-se culpada. Ela se sentiu um monstro, a vilã da relação o tempo todo, como se nunca tivesse o amado como devia, mesmo sabendo que o amou sim. Mas tinha que ser forte, ninguém nunca disse que não ia doer. Os olhos dele – ela se apaixonara pelos olhos dele desde o início – ficaram vazios, cegos, de repente. Ele estava com aquela gravata. Justamente aquela que a namorada dele de faculdade tinha dado de presente. Ela odiava aquela gravata, e aquilo parecia ter lhe dado mais força. Ela quis chorar, mas, ao invés disso, disse que queria seguir com a vida. Sem muitas explicações. Parecia que podia vê-lo mais tarde, com aquele amigo dele que havia dito que o casamento não daria certo e com aquela gravata da ex, enquanto ouvia calado bebendo, arrependido de não ter pedido alguma explicação. Mas, durante aquele momento, ele chorava estarrecido. Quem visse, diria que ele não estava dentro do corpo.

Como se quisesse justificar dois anos de casamento, ela o deu metade do coração. Para sempre, disse que parte dela seria sempre dele. E era verdade, foi o primeiro amor que ela teve: o primeiro marido, o primeiro homem da sua nova vida, e cada dia era um novo dia, ele parecia deixar isso claro como água. Pegou as malas e foi embora. Esperou no corredor, na porta do elevador. Não pelo elevador, mas por ele. Por um segundo, quis que ele batesse a porta de casa, e saísse pelo corredor, gritando feito um louco, pedindo uma explicação. Desejou como poucas vezes na vida que ele a pegasse pelos ombros e a chacoalhasse, gritando que ela não podia fazer isso, que a amava e que ela o amava também. Mas ele não o fez, e ela entendeu que era melhor assim. Pegou o elevador e pronto, lá se foram dois anos. Deus sabe o que viria pela frente, porque o amor não tinha sido deixado dentro de casa ou no pedaço do coração que tinha deixado pra ele. Colocou tudo no carro e não voltou. Pensou nele todos os dias da sua vida, até o último momento. Afinal, o amou eternamente mesmo.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Inesperado E Inevitável

Em uma terrina de barro ele guardava um pedaço do seu próprio coração. "Foi a única coisa que ela deixou quando partiu" era a desculpa que dizia para si mesmo para justificar a permanência daquele fragmento de quase nada ao seu redor. As memórias acabavam por invadi-lo sempre que se pegava olhando o tal fragmento.

Algumas noites de verão com a janela aberta esperando a brisa amenizar a temperatura. Algumas noites chuvosas de inverno com a janela fechada, olhando aquele péssimo programa de televisão com uma caneca de café quente na mão e as janelas embaçadas pelo frio. Algumas frases que eram repetidas em ocasiões diversas, principalmente em discussões.

“O amor não é tudo, ele não sustenta tudo sozinho”. Ele discordava, naturalmente, já que nunca exigiu nada dela além disso. "Não tem que ser eterno para ser verdadeiro". Como ele se cansou de ouvi-la dizer aquilo, mesmo discordando. "Pra mim é eterno" ele respondia. “Prefiro chocolate branco que chocolate preto”, e essa era, definitivamente, o maior dos motivos pra discussões. Nesse momento ele seria capaz de tudo para ouvir apenas mais uma vez aquela pequena nota de insanidade. Mas ele nunca mais ouviria. E ela também nunca mais falaria, fosse para ele ou para alguém mais.

E hoje faz recém uma semana que aconteceu o inesperado e inevitável. Ela se foi, dizendo que queria seguir com a vida, sem muitas explicações, apenas dizendo “de alguma forma, meu coração será sempre seu”, e ele simplesmente concordou em silêncio antes de dar um último abraço.

Ele pensava em tantas coisas enquanto, com um aperto no peito e outro na garganta, olhava para aquele mero fragmento que restou dela. Corações batendo juntos, respirações ofegantes, olhares cruzados... Nada disso se repetiria, mas ele ainda tinha algo dela, para o bem ou para o mal. E, enquanto uma lágrima solitária escorria de seu olho direito, ele fechava a terrina que continha esse algo pensando "e infelizmente ele não vai mais bater...".

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Carpe Diem

Colha seu dia, amigo!

Colha-o como a uma fruta madura, e prove do seu doce gosto...

Mas, colha também sua noite:

Dela proverão seus desejos mais profundos,

Aqueles que a luz encobre

E seu corpo manda para dentro de você.

Não planeje seu amanhã: ele não é seu,

Mas as flores que você planta durante as últimas horas, essas sim são suas.

Não se apegue muito a elas: elas murcharão com o nascer do sol.

Colha-as como quem pega seu troféu.

Apanhe também a fruta que a plenitude te oferece

Aproveite a doçura dos frutos mais altos

Que amanha terá que plantar outra vez.

Sacia-se das frutas e recobre-se das flores que plantastes

E plante as sementes que a vida lhe der sem nenhum pudor:

Cada uma delas pode brotar dentro de qualquer pessoa.

E então, colha-a! A partir dali, parte dela será sua.

Mas lembre-se que as raízes ficarão

Seja, portanto, prudente.

Pense no cenário e no caminho que construirá para seguir a vida.

E jamais tenha medo de segui-lo:

Todos os caminhos terão fim.

Não trema diante do abismo, cedo ou tarde cairá nele.

Não importa se cairá em espinhos ou em flores.

Cairá.

Mas faça com que seja depois de colher a flor do dia

E o fruto da noite.