quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Talvez ou Quando

Talvez não seja hoje nem amanhã. Talvez demore, talvez nem aconteça. Mas acredite. Assim como eu, acredite no dia em que sentirá algum apreço pela imagem no espelho. Algum carinho pelo seu próprio rosto. Acredite, torça pelo dia em que uma onda de tristeza será só uma lembrança distante. Realmente distante.
Se algum dia você conseguir sentir alguma paixão, alguma não-dor, se algum dia você abrir os olhos e pensar em alguém de uma forma doce e feliz, simplesmente saia de casa e diga-o. Diga pra alguém que essa pessoa é capaz de te trazer felicidade, que ela te traz felicidade. Diga a esse alguém que você o ama. Diga agora, diga a verdade. Ou não diga mais, e espere a próxima oportunidade, frustrada e triste, diminuída e diminuindo. E não pense que não pode ficar menor, porque sempre pode. Sempre pode ser triste, sempre pode ser pequeno, sempre pode haver um sorriso nada sincero ali no meio. Aprenda que sorrir não vai apagar a tristeza. Tristeza é mais forte do que um risco, e não é uma borracha que vai apagar. Não existe nenhuma satisfação em nada disso, pelo contrário. É um dos momentos em que eu desejo com toda a minha energia, que eu imploro a quem quer que se responsabilize por isso, que me deixe completamente dormente. É a hora de pedir de volta o meu sentimento de inumanidade, do não-sentir, do não-ser, do não-saber. É a hora de trocar um problema pelo outro, como causar uma dor de cabeça para diminuir a dor do coração. Uma mera questão de distração.
Acho que não sou boa nisso. Não sou boa em distrair, em mentir, em simplesmente fingir que não há nada. Não quer dizer que eu não tente, mas cada vez que eu digo que não há nada, meu coração se convence mais de que há algo, e aí só dificulta as coisas. Eu ainda não sei lidar com a "existência de algo", simplesmente não sei "o que", "como" ou "qual" é o próximo passo. É assim que se faz uma dor de cabeça. E de coração. Falar de dores parece fácil, parece que é só vitimizar, chorar e falar qualquer bobagenzinha. Talvez seja, e provavelmente quem fala sobre isso dessa forma fala melhor do que quem realmente sente. Falar não é como sentir, falar é diferente. Para falar é só abrir a boca, quero ver abrir o coração. Mais de uma vez. Abra seu coração uma vez e, depois do vôo livre, ele vai cair em algum lugar. As vezes não é o melhor lugar. A parte difícil é se convencer a abrir o coração novamente, sabendo que ele vai voar. As portas são suas, a chave é sua. O impedimento é seu, você escolhe o que acontece.
Depois disso, podem aparecer aqueles momentos que transformam coisas simples em coisas complexas. Ou fazem coisas simples parecerem complexas. A resposta é simples, você sabe qual é a resposta. Eu sei qual é, e se fosse só falar, seria bem fácil. Mas não é a única escolha, e cada uma delas traz muitas outras, é um coração, não uma pedra. Infelizmente não é uma pedra. Você tem medo do que pode ouvir, do que pode sentir, do que pode acontecer. Prefere que não aconteça, e tem medo de querer que aconteça. Tem medo de tudo e de todo mundo, tem medo de qualquer coisa. Acho que posso sentir alguma coisa, acho que sinto medo. Acho que sinto, e não sei se quero sentir. Poderia ser fácil, poderia deixar pra trás e correr pra frente, mas acho que a gente só deixa pra trás de verdade quando dá o primeiro passo adiante. Até lá, é só especulação e palavras usadas pra se convencer que passou.
E será que passou? Talvez sim, mas não olhar pra trás não significa olhar pra frente. Não é porque eu não choro que eu estou sorrindo. Não é porque eu não amo o passado que eu consigo amar o futuro. Que eu consigo falar sobre o futuro. Que eu consigo sentir os presentes do futuro. Que eu consigo um presente. Um presente-futuro. Estar no presente te dá duas opções: você pode olhar pro futuro ou prender-se ao passado.
Olhar pro futuro é bem uma questão de se questionar sobre a próxima frase. É saber o que vai dizer, o que vai sentir, é pensar sobre, é querer. É saber sobre o que você não quer que aconteça daqui pra frente. Ao contrário do que se pensa, é preciso estar preparado pra isso. É preciso estar organizado, capaz das coisas. É preciso saber sobre você, sobre o outro, sobre o mundo e sobre o que acontece. Mais ainda, é preciso querer tudo isso. Porque saber é fácil, difícil é fazer. Escolhas erradas e certas são só escolhas. Chega o momento em que você precisa escolher, e não existe resposta certa, a única resposta é "sim" ou "não". É "dar um passo pra frente" ou "esperar o próximo passo". Pode ser só um passo. Talvez o outro também somente mais um. Pode ser que mude a trajetória, te faça diferente. É uma das coisas que você nunca vai saber se não tentar.
Ainda existe a segunda opção, ainda dá pra viver no passado. Olhar pra trás, se fechar num cômodo úmido e sufocar lá dentro. Ainda dá pra viver de sentimentos que já se foram, você sempre pode tentar lutar contra fantasmas que não pode tocar, mas isso é como cavar um buraco muito fundo. Você nunca vai chegar onde quer, simplesmente porque o seu objetivo é saber o que existe lá em cima, e você só está indo pra baixo, descendo cada vez mais, afundando em todas as impossibilidades. Ao olhar pra trás, você sempre vai sentir falta ou sentir pena, vai sentir alguma coisa que não deveria. O passado pode ser escuro, triste, anestesiante, mas, ao contrário de tudo que se pensa, também pode ser claro, bonito, leve. Mas uma coisa que o passado definitivamente é, é uma ilusão. Ele ajudou a fazer o que você é hoje, mas ele simplesmente acabou, conviva com isso. Entenda, a única coisa que se sente de verdade é um enorme torcicolo ao olhar pra trás. Isso ou um provável arrependimento por dar as costas pro futuro.
Agora, o presente. Sempre se pode viver o presente, ele é feito de coisas que vêm pra você, e a escolha é sua de viver aquilo ou não. Na verdade, o presente, nem sequer é uma escolha, já que ele é seu, quer você queira, quer não.O que provavelmente não se pensa, é que tudo isso é como um cordão umbilical no qual você está eternamente preso. Ele te puxa pro passado e pro futuro, com a mesma força, mas também te dá a energia suficiente pra dominar seu poder de escolha. E a escolha é sua: passado ou futuro. O futuro pode ser infeliz, o passado simplesmente passou. O presente nunca acaba, mas os sentimentos dele, sim. Andar pro futuro é procurar o presente, e ficar parado é simplesmente ficar pra trás. Num enorme vazio, num monte de nada.
E saiba que todo aquele medo que a gente sente no começo, é algo natural. Algo normal. Algo saudável, até se tornar imobilizante. Depois disso, ele se torna mais uma energia te puxando pra trás, te condenando ao eterno desequilíbrio. Você não precisa ficar recuado como um animalzinho assustado num canto, dividindo seu tempo entre o medo da própria sombra e a pena de si mesmo. Ou o medo do que pode acontecer. Sempre pode, sempre vai acontecer, só não se sabe o quê. E isso é só um detalhe, no fim, o que se pode saber, é o que tem vontade de fazer algo, que você pode realmente fazer. O que você precisa saber é que seu coração não é uma pedra. (In)Felizmente(?). O que você precisa saber, é que escolhas são sempre difíceis, é sempre difícil deixar a parte segura da sua vida pra trás. Mas tem que ser feito. Pode ser cedo ou tarde, você escolhe. Ou a vida escolhe por você.

Sweetie .

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Claustro

Da forma que você segue, você apenas se esconde
Continua fugindo, mas nem sabe pra onde
Abre seus olhos, mas ainda fecha as mãos
De peito aberto, você fecha o coração

Agora se entregue sem hesitar
De uma só vez a toda sua crença
Absorva tudo que o amor pode lhe passar
Até mesmo a sua doença
É ela que sustenta
O que a sua cabeça pensa


Você se fecha em um claustro, uma prisão de medo
Apaga a luz e ainda diz que é muito cedo
Respira esse ar viciado com a janela fechada
Diz que está tudo bem, mesmo com tudo errado

Agora se entregue sem hesitar
De uma só vez a toda sua crença
Absorva tudo que o amor pode lhe passar
Até mesmo a sua doença
É ela que mantém
A sua diferença


Não é rápido, nem indolor
E não importa o tempo que for
Será para sempre

Mais que apenas uma cicatriz
É a marca que você nunca quis
A queimadura que você não entende

Uma luz em preto e branco
Muitas lágrimas sem pranto
E pouca coisa sobra

Mas tudo volta a ser colorido
E pelo pouco que era sabido
A vida te cobra

Agora se entregue sem hesitar
De uma só vez a toda sua crença
Absorva tudo que o amor pode lhe passar
Até mesmo a sua doença
Ela será seu ganho
Mesmo que você não vença

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Querido Amigo Real,

Obrigada por também estar aqui, como se fosse só imaginação. Por cuidar de mim tanto quanto qualquer coisa que eu imagine, mais do que eu, mais do que eu imaginaria. Por ser mais real do que deveria, por me deixar sentir um amor que atravessa espaços e tempos, por realmente me fazer acreditar... por me fazer ter certeza de que sei como é ter o amor (torto) de alguém, mesmo que ele seja diferente do que os outros achem. Por me entender, por entrar na minha cabeça e saber. Saber mais do que eu, me deixar confortável pra saber das coisas.

Meu real amigo imaginário, uma vez eu me perguntei se você era de verdade, questionei se não poderia estar te acrescentando, te mudando e te sentindo de um jeito que não é verdade. . Algum tempo depois, eu vi que estava errada, e vi que não importa. No fim, realmente não importa. Perto de você, que é real, nada importa. Só a gente, só coisas nossas, só o nosso mundo (que é só nosso).

Obrigada por ser, na maioria das vezes, o que eu preciso e o que eu quero. Por ser uma nova perspectiva, por ser diferente, mas não um diferente comum. Sabe, não daqueles diferentes que fazem todo mundo sair e falar “hoje alguém me ama”. Ser um diferente que não interessa a mais ninguém, que só é diferente pra mim, que pra maioria do mundo é uma pessoa comum. Muito comum. Obrigada por inúmeras coisas que eu fiz, mas que só consegui por você, pelas coisas que eu sei que sou hoje, por todas as coisas que eu não sei. Obrigada pela diferença que você faz, e por me fazer sentir alguém diferente, que “você ama hoje” e que, ainda assim é comum pro resto do mundo (mesmo que diga que não deveria). Acho que é só pra dizer que me sinto bem, ou apenas me sinto de verdade com você.

Me desculpa por não ser pra você o que você é por mim. Me desculpa pelos nadas, pelos momentos em que eu não sabia o que fazer, não sabia o que dizer, ou nem sabia o quê. Me desculpa por não ter o “quê”. Por não saber se te conheço bem como deveria, por não conseguir te fazer saber o que você é na minha vida. Talvez ninguém saiba, eu não sei, porque tenho medo de pensar nisso o bastante pra te imaginar fora da minha vida, e eu não pretendo correr esse risco. Talvez tudo que você faz com que eu sinta por mim, que você tenta me convencer que eu sou, seja somente o que você é. Eu não sei quanto a mim, mas você merece metade do amor que existe no universo. Merece o amor todo, merece tudo, merece um mundo melhor que o meu. E eu não consigo fazer muito por você, só consigo te falar coisas aleatórias até você, provavelmente, se sentir desconfortável e querer ir embora. Eu não sei bem reagir as coisas, não ser falar o que deveria, como deveria. Mas sabe, meu real amigo, eu queria aproveitar e te dizer que eu entendo. Entendo tudo que você me diz, entendo como você se sente, entendo e queria, sempre, fazer algo que mudasse isso. Eu tentaria, tentaria enquanto pudesse. E faria se pudesse, e eu acho que você sabe disso. Se não sabe, me desculpa por não te mostrar o quanto você merece o mundo inteiro. Às vezes eu sou assim, não sou boa com sentimentos. Não sou boa com muita coisa, mas você me faz especial.

Queria que você pudesse me entender, que pudesse saber que alguns amores realmente existem, que amizades são feitas de amores, e que você tem pelo menos uma amizade assim. Queria que você soubesse e que você contasse. Contasse quando se sentisse triste, lembrasse que pode procurar e saber que não precisa enfrentar nada disso sozinho. Do nosso jeito torto, esquisito, a gente tem espaço de sobra um pro outro, entre um e outro. Mas não é desses espaços que afastam, são espaços que deixaram de ser obstáculos há algum tempo, e hoje são só mais uma peculiaridade no meio de todas as outras.

Eu queria fazer disso uma janela, que você abriria e daria de cara com algo bonito e verdadeiro, algo que você saberia que existia, e que estaria lá pra você depois que você fosse embora pra viver e depois, quando voltasse pra casa. Eu não sei se é bonito. Queria que fosse, queria que fosse bonito, que fosse especial, que fosse uma prova de amizade. Queria que isso não precisasse de provas, mas eu sinto que a maioria das pessoas poderia duvidar do que eu sinto, pelo jeito como eu ajo, pelo que eu falo e faço, por não ser no dia-dia o que você merece. Queria transformar essa janela em uma porta, uma porta pra você entrar em tudo que eu sinto e saber, saber de verdade, que todo esse companheirismo, essa cumplicidade, essa disponibilidade pra viver é sua, que eu sei e me esforço pra te dar isso, esse apoio, essas coisas de verdade. Queria te dar um mundo, um mundo menos imperfeito que esse nosso. Um mundo que você merece: amizade de verdade, mundo de verdade.

Acho que é isso. Talvez ninguém entenda, talvez ninguém saiba como é. Talvez ninguém se importe com nada disso, provavelmente a vida das pessoas vai seguir normalmente, e isso será mais algo como um “bom dia, eu te amo”. É, eu te desejo bons dias, e eu te amo, mesmo que ninguém entenda. Mesmo que ninguém se importe. Essa era a idéia inicial, ninguém precisava se importar, e isso não é o mais importante pra mim. Pode ser que nem você se importe muito, talvez você esteja preocupado com outras coisas e isso não seja importante. Mas eu queria que fosse, queria que soubesse que você me importa, tanto quanto eu importo pra você. Queria que soubesse que eu também quero cuidar de você, te ouvir, e ser um pouco como uma amiga às avessas que eu sei ser. Que eu só sei ser às avessas, mas tento ser do jeito certo contigo, pra você contar comigo.

Acho que é isso, não vou mais pedir que me entenda, que me desculpe, que me ouça, que saiba. Eu tenho demais de você, não posso te pedir mais nada. Mas, de alguma forma, eu fiz isso pra te pedir algo. Pra te pedir pra saber de uma coisa que existe, e que você deveria e merece saber. Os meus pedidos são de desculpas por não ser como você precisa que eu seja às vezes. O que eu peço é uma oportunidade de aprender a ser uma amiga melhor. Também quero que você não me odeie, que eu não te desgaste por esses pedidos de socorro constantes. Acho que amizade é algo assim, algo que eu aprendi com você. Algo de quando a gente aprende a ser com o outro, que a gente ensina pro outro, que a gente é, de algum jeito, a extensão do outro. Acho que é quando a gente é a defesa do outro, ou o ataque. Deve ser quando a gente ajuda o outro a saber do que ele precisa, quando a gente faz pelo outro o que ele quer, só pra ele se sentir bem. Acho que é quando essas coisas não importam, e eu quero fazer isso por você. Te ajudar como você me ajuda, te falar como você me fala, te ensinar coisas simples, como você me ensina. Ser uma amiga de verdade, mas eu ainda estou aprendendo, e essa é uma das muitas coisas que importam que eu estou aprendendo contigo. Acho que entre aprender a ser gente, aprender que a vida não é só existir, aprender que pessoas precisam de pessoas, aprender que a gente não precisa de ninguém pra ser a gente, aprender que a gente pode conseguir coisas; acho que nesse meio tempo, eu posso aprender também a te mostrar que eu sei fazer isso. Eu sei, pelo menos um pouco. Obrigada também por isso. E eu sempre repito esse “obrigada”, porque você é, muitas vezes, uma das pessoas por trás do aprendizado, do acerto e do erro, do que é necessário que exista. Você é, muitas vezes, o que eu preciso, e eu poderia de alguma forma e algum dia ser assim também pra alguém. Você merece alguém assim, e eu procuro ser um pouco disso, mas não sei se consigo. Se não for por mim, querido amigo, que seja outra pessoa. Só quero te mostrar que você merece ter um “querido amigo real” também. Que você merece muita coisa que não tem, e que é injusto que você não tenha. Mas o mundo é injusto de vez em quando, mas enquanto o mundo passa, as coisas que a gente merece vêm pra gente. Eu espero que você tenha o que merece. Rápido. Verdadeiro. Feliz. Quero que você seja e esteja feliz, agora e sempre. Quero que você continue sendo meu real amigo, e quero que você tenha pessoas pra contar, e você tem, você pode. Querido amigo real, conte comigo.

SweetFriend .

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Talvez Apenas Um Pouco

Quero te encontrar em outro lugar qualquer
Só pra te dizer que eu vou estar onde você estiver
Mas vai ser só por coincidência

Nós somos como a água e o ar
Que coexistem, e até podem se encontrar
Mas nunca serão um, como a terra e o mar

Como mariposas que dançam a mesma música
Mas diante de chamas diferentes
Nós somos atraídos e somos impacientes

Nós somos apenas dois, já fomos um às vezes
Mas acabamos por nos tornar ninguém para o outro
Nossas vozes estão no mesmo tom
Mas eu cansei de gritar, já estou rouco
Estou gritando sozinho com o vento
E mesmo assim sei que não estou louco
Talvez apenas um pouco
E eu acho que um pouco é só o que restou


Espero te encontrar em outro lugar qualquer
Só pra te dizer que vai ser por coincidência
Mas nós vamos nos desencontrar por pura impaciência

Eu vou passar por você quando você olhar pro lado
Vou fingir estar ocupado
Só pra acreditar que foi sem querer

Você sabe, nós somos como o silêncio e a fala
Um só existe quando o outro se cala
Mas nós nunca nos calamos

Somos apenas dois, e acho que já fomos um
Mas nos tornamos ninguém, a única cura para mal nenhum
Nossas vozes se calaram finalmente
Mas só porque cansamos de gritar
Com a boca seca, minha voz se cansou aos poucos
Eu falo baixo e sozinho, como um louco
Sussuro seu nome aos poucos pedaços
E acho que uns poucos pedaços foi só o que restou dos laços

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Experimente Viver

As vezes temos medo das mudanças

E da altura que podemos voar

Mesmo sabendo que podemos chegar ao infinito

Sem precisar estar só olhando pra cima.

Mas a vida é tão curta e é uma só

E nem dura tanto assim.

Então, quando te derem asas

O que você fará com elas?

Esperará que elas caiam e se tornem pétalas de flor

Apenas para você ter uma raiz no chão novamente,

Ou sentará no canto vazio do quarto

À espera de uma nova chance?

Lembra-te das flores nascem do lodo

E guarda o teu amor consigo

Para vomitá-lo numa poesia

Cremoso. Denso. E Líquido.

Até que o amanhecer chegue

E ofusque tudo em volta

Cegando cada cor

Levando tudo embora.

E trazendo para o seu mundo

O doce prazer de flutuar

Para sonhar no fim do dia

Com a lembrança de onde você pode chegar.

Procure sempre a certeza, mas deseje que a surpresa esteja contigo

Para que nunca se esqueça que viver não é só estar vivo.

Não procure uma segunda chance, você já está na lama agora

Está na hora de acordar, agora é só olhar em frente.

Para voar, não precisa ter asas,

Mas também não precisa ter medo.

Apenas flutue. Apenas viaje.

Para ser você, não precisa ser o mesmo.

Apenas seja.

Não pense, não importa. Seja.

Mudanças podem trazer novas possibilidades.

Então liberte-se, olhe ao redor.

Experimente viver.

Voe. Flutue.

Seja...

Viaje.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Nem mesmo uma lágrima

Cada vez que você abre os olhos, a vida te condena
Todo esse sofrimento
Por um mero sentimento...
Será que tudo isso vale a pena?

Muros que desmoronam e crenças desfeitas
A cada palavra, cada segundo
Uma cela se torna seu mundo
E mesmo assim você ainda não aceita

É uma pena, uma verdadeira lástima
A dor lhe assassina
E você não derrama nem mesmo uma lágrima

A mão te acaricia e a boca te devora
Mas você não sente nada
E não faz ideia de onde está agora

Sombras preenchem todo e qualquer vazio
Você sempre fecha os olhos
Esperando achar o que não viu

Mas tudo continua exatamente igual
Você ainda não vê nada
E não entende o que lhe faz mal

Também não sabe o que lhe faz bem
Talvez não seja mesmo nada
Mas talvez tudo que você precisa seja alguém

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

E fez-se o boom!

Ruiu. Implodiu, tirou de ordem.
Desfacelou cada pedaço de mim.
Terá sido uma bomba?
Fogos de artifício. Uma festa.
Tantas vozes ecoavam,
Os sorrisos não cessavam. Nunca.
O excesso de alegria sobrecarregou a máquina.
[Nessa vida ninguém é feliz por muito tempo.]
Agora, trabalho duro.
Fechar feridas, reconstruir fábricas energéticas.
Enterrar tudo que mataram em mim.
Depois, eu serei uma boa menina
Farei lápides que não me deixarão esquecê-los
No mármore frio, estará escrito:
-Aqui jaz a vítima do monstro que criou para me destruir.
Quem sabe eu use parte do seu corpo como alicerce?
Assim, quando eu me reeguer serei tão sórdida quanto você foi.
Reinaugurarei a fábrica com um baile de máscaras.
Vestirei seu rosto na minha noite de ouro.
Meu sorriso ecoará na parte de você que sobrou,
Eu soltarei fogos de artifício
Para comemorar a explosão:
Hoje matei o resto de você.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Antes do Fim da Tempestade

Delineie o vento em minhas asas
E traga o azul mais para perto
Quero sair desta poça rasa
E velejar em mar aberto
Respirar o que me amaldiçoa
Sem sentir medo nenhum
Quero saber que a liberdade é boa
Mesmo quando não tem gosto algum

Saboreie a presença do vento antes que a tempestade tenha fim
Ele vai te levar adiante, mesmo quando você estiver sem mim
Saboreie a luz das estrelas antes que o sol nasça
Sinta o gosto enquanto há vida, ela se torna cada vez mais escassa


Delineie o horizonte em minhas asas
E traga o pôr do sol mais para perto
Quero sair desta cova rasa
E não dar de frente com nenhum caminho certo
Me leve, me carregue
Por cada um dos caminhos que for errado
Aceite o que lhe for entregue
E lute pelo que não foi lhe dado

Saboreie a presença do vento antes que a tempestade tenha fim
Ele vai te levar adiante, seja isso bom ou ruim
Saboreie a luz das estrelas antes que o sol apareça
Sinta o gosto das memórias antes que você as esqueça

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Amores (Im)Perfeitos

Certas promessas a gente não faz, nem a si mesmo no espelho. Certas coisas, no entanto, a gente nem precisa falar, olha no olho, pensa e se entende. As pessoas costumam lutar o tempo todo em busca de alguém assim, para o qual se possa falar tudo, alguém que leia seus pensamentos, que complete suas frases, que te ouça, que te acalente no choro e ria das suas piadas. O que provavelmente ninguém pensa é no quanto seria insuportável alguém perfeito na sua vida.

Eu sou partidária de que a perfeição é relativa. Esse conceito de “perfeição” não é algo engessado, modelável e genérico. Acho inclusive que se fosse genérico, não seria perfeito. Já imaginou uma pessoa que se apaixona e faz por você tudo que já fez por mil pessoas no passado? Uma vez alguém me disse que amor não é feito de declarações por megafone em estádios lotados e nem duzentos milhões de pétalas de flores jogadas no jardim da sua casa quando você sai de manhã pro trabalho. Amor não é feito de coisas grandes, o amor está nas pequenas coisas, está nos atos simples, nos pensamentos e em todas as coisas que se faz no dia-dia. Eu te entendo, no momento em que eu ouvi isso eu também ri e estranhei, disse que esse troço de amor não era comigo. Aliás, ainda não é, e só deus sabe no que deu essa tentativa-de-amor. Mas eu mesma sempre disse que se você não é capaz de aproveitar e se sentir feliz por conta das pequenas coisas simples e corriqueiras da vida, jamais reconheceria algo grande e importante na sua frente. No fim das contas ambos estávamos certos.

Sabe, a tal perfeição não existe. Não adianta querer muito, pensar, fechar os olhos e rezar todos os dias: a pessoa pela qual vai se apaixonar e vai querer pra sempre terá incontáveis defeitos e algumas qualidades. O impressionante nesse sentimento louco é que uma qualidade supera todos os defeitos da pessoa amada, e aí é que está a perfeição. A pessoa é a mesma, não era nada perfeita pra pessoa que já amou-a algum dia, mas é perfeita pra você. Não existem pessoas perfeitas, existem relações e sentimentos que pegam a gente pelo pé e não querem mais largar. E a “perfeição” acontece quando você prefere morrer a ser largado por aquele sentimento ou aquela relação.

E aí vai um conselho: não existem pessoas perfeitas, relações perfeitas, e finais (eternamente) felizes. É melhor que aja, sinta, viva o momento. A beleza das coisas está em sentir e viver. E acreditar. Saber, mas acreditar. Saiba que não existe perfeição, mas procure-a. E mesmo sabendo que os finais felizes nunca são realmente o final, que depois do último beijo e do sorriso pra fotografia virão as brigas, as discussões, os choros e os lamentos, ainda que saiba de tudo isso, meu bem, procure a perfeição. Sonhe com isso, sinta isso, idealize isso. Com todas as forças. Uma hora você encontrará a pessoa perfeita, vai sentir que é realmente A Pessoa, vai amar e confiar. Provavelmente estará enganado, então você sofrerá, se sentirá desiludido, xingará toda a classe e culpará a raça humana. Mas já imaginou se você tivesse tido medo e não acreditasse que era a “pessoa certa”? Provavelmente você não teria se entregado e sentido as coisas com tanta intensidade. Talvez você nem tivesse sido tão feliz e nem tivesse ido tão longe com as coisas. Talvez você tivesse perdido menos, mas teria ganhado menos ainda, e o saldo seria negativo.

Colecionar amores e dores é algo tipicamente humano. Ao longo do desenvolvimento da raça, criamos estratégias para reconhecer o melhor parceiro, desenvolvemos possibilidade de sentimentos um tanto quanto exóticos com relação a outras pessoas. E acreditamos nisso. E gostamos disso. E sabemos que isso tudo é um grande engano e uma enorme bobagem que faz mal a gente. Mas a inteligência ainda está presente, porque nós conseguimos tirar desses sentimentos algumas lembranças tão boas ao ponto de dar saudade. Momentos, realmente pequenos momentos capazes de fazer tudo valer a pena. E assim é viver. É trágico, é triste, e sem nenhum sentido. A gente nem precisa viver, mas vive. Vive porque entre uma tristeza e outra, entre uma tragédia e outra, aquele segundo entre os grandes acontecimentos é feito de algo tão bom que não importa. Ao menos pra mim, e eu nem sinto nada disso. E é em momentos como esses que fica clara a diferença entre ser feliz e estar feliz. Ninguém é feliz. As pessoas estão felizes, algumas por mais tempo que as outras. As que são felizes por pouco tempo gastam a maior parte do tempo concentrando esforços em coisas que possam fazê-las felizes, enquanto as outras sentem e vivem mais do que pensam. Esse negócio de racionalizar dá mais trabalho do que satisfação, nesses casos. É melhor sentir. Viver. Não fazer nada. Ou fazer exatamente o que quer e quebrar a cara. Pois é, não faz sentido nenhum, e é bem por isso que ficar pensando não faz ninguém feliz.

SweetFriend .