quarta-feira, 25 de junho de 2014

Renovação

Amor e vida choram enquanto a voz se desespera
O olhar vaga perdido e no espelho há uma fera
A fraqueza se instala, mas lágrimas são presas
Por menor que seja o pranto, é sinal de fraqueza

E você não reconhece, o rosto do outro lado do espelho é um estranho
A vida se transforma em algo apenas novo, não há perda ou ganho


Amor e vida emudecem enquanto a voz se recupera
O olhar não possui alvo e agora não é vazio o que antes era
O interior foi preenchido, finalmente compreensão
A metade da insanidade se torna uma com a da razão

E você finalmente entende, no outro lado do espelho há um estranho
A vida afinal se renova como um rio, na segunda vez é outro banho
A água se renova a cada instante e o fluxo o mantém vivo
E desaguar por fim em um oceano será seu último alívio

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Final do Lamento

A vida se deita em seus braços
Descansa seus olhos agora pesados
E os sentimentos que causam embaraço
São finalmente deixados de lado

Ao amanhecer os olhos não se abrem
A exaustão se recusa a lhe deixar
Todos os aprendizados agora não cabem
Palavras nada puderam lhe ensinar

À tarde a mente ainda dorme
O peso da dor ainda é presente
E tanta culpa ainda disforme
Começa a tomar forma lentamente

À noite o momento de acordar
O descanso afinal terminou
A vida agora quer acordar
Entender o que se passou

Foi apenas o tempo a cura
No fim a falta é entendimento
Apenas umas poucas gotas de loucura
Para temperar o final do lamento

terça-feira, 3 de junho de 2014

Contrassenso

Eu te sinto na minha prosa e na minha poesia
Em cada um dos versos que sem ti nunca faria
Te sinto nos meus poros, te transpiro e te inalo
Na voz que ecoa em minha mente quando eu me calo

Te sinto na ausência de calor, sem ti é sempre frio
E sinto tua ausência em todo espaço que é vazio
Sinto falta da tua respiração, do mútuo silêncio
Sinto falta de ser tua calma apressada e de ser teu contrassenso

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Reunindo Os Pedaços

A voz que enverga o manto do silêncio
Se derrama aos poucos quando se revela
Os olhos fechados que preferem o escuro
Enxergam melhor quando se fecha a janela

E assim segue o mundo, com escuridão e luz dividindo o mesmo espaço
Palavras quebrando o silêncio, e lágrimas reunindo os pedaços


A mão que agora acaricia seus ombros
Ainda há pouco segurava o longo punhal
As cicatrizes que agoram contam histórias
Já tiveram gosto de sangue, suor e sal

Os crimes que você já cometeu
São nada mais que pesos na consciência
E a boca que ontem lhe beijou
Agora não passa de uma reminiscência

E assim segue o mundo, com escuridão e luz dividindo o mesmo espaço
Palavras quebrando o silêncio, e lágrimas reunindo os pedaços


Os olhares que um dia julgaram
Hoje bajulam aquele que um dia foi o réu
E os pecados que lhe condenaram
Agora são a porta de passagem para o céu

As falanges que foram usadas para apontar
Agora se retraem em punhos arrependidos
E os muros que foram levantados
Apenas cercam corações que foram feridos

E assim segue o mundo, com escuridão e luz dividindo o mesmo espaço
Palavras quebrando o silêncio, e lágrimas reunindo os pedaços

sábado, 11 de janeiro de 2014

Espaço Vazio

Sou a voz que reclama da tua ausência
E a lágrima que não escorre
Sou o olhar vazio e a indiferença
O murmúrio onde o silêncio morre

Sou o crime que pune com a culpa
A consciência que te mantém consciente
Como fragmento de razão visto por lupa
Sou palavra repetida pela tua mente

Há algo faltando, e talvez seja o silêncio do teu sono
Reverberando nas paredes, quase um som de abandono
Há algo sobrando, talvez seja todo o espaco em excesso
Esse vazio ao meu lado, esse 1,60m que eu não meço