sexta-feira, 5 de julho de 2013

O Martelo E Os Pregos

Dê um pouco de voz ao que não pode gritar
E algumas lágrimas a quem não pode chorar
Isso lhe custará menos que um beijo

Dê um pouco de água à sede por vingança
E um pouco de música para acabarmos a dança
Apenas um sorriso após o último gracejo

Entregue um olhar que você não daria em frente ao espelho
Finja que não sente esse gosto ferroso e vermelho
Ria às piadas que o mundo ao redor grita ao ouvido
Enquanto o muro desmorona sem nem o menor estampido

Apenas escombros e algumas sombras, nem olhares de pena
Você permanece no palco enquanto não lhe deixam sair de cena
Enquanto você compreende que apenas você será por você mesmo
E sua voz é apenas um som vagando no vento, um sussurro a esmo

Dê um pouco de luz ao olhar que é cego
Já lhe deram em mãos o martelo e os pregos
Enquanto você se prendia à sua própria cruz

Dê um pouco de atenção a quem não merece
Apenas mais um dia e o mundo se esquece
O mundo é seu, ele vai aonde você o conduz

Vozes rezam e olhares julgam, discursos que você já sabe de cor
Olhos fechados e mente cansada, você já sabe o que há ao seu redor
Dê vazão ao que você não sente e você talvez se entenda
Continuando de olhos fechados, você sempre terá uma venda

Há um gosto amargo no fundo da sua boca e só você o pode tirar
Sua própria carne é doce o suficiente, mais do que você pode lembrar
Você não precisará que ninguém lhe diga o que é certo ser
Quando souber o que você é todo pôr do sol terá gosto de amanhecer