quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Almas Que Não Serão Salvas

Que acabe por minhas mãos tudo que eu quero que tenha fim
Sentimentos e palavras, almas que não serão salvas
Flores que morrem antes mesmo de florescerem no jardim

Que o céu se desmembre e as estrelas exterminem
Cada voz que está calada, certa ou errada
E cada um dos medos que nos definem

Não sobrará nada além do desespero latente
Mas nós saberemos, e sobreviveremos
A qualquer pecado que nos tente

Sobrará muito pouco além de nós mesmos
E nem isso talvez, afinal tudo se desfez
Enquanto escolhíamos o que seremos

sábado, 17 de novembro de 2012

Seguindo para Trás


Querem dissecar meu coração;
Atravessar as fronteiras do meu cérebro;
Querem uma legião de analistas
Que preveja um futuro.
O nosso futuro.

Mas o futuro é sempre o passado
Sempre os mesmo erros, as mesmas mentiras,
As mesmas piadas, com risadas enlatadas.

Querem meu sangue
Em garrafas com rolha;
Querem meu cérebro
Em bandejas de prata;
Querem a mim, exatamente igual,

Pra criar um futuro, que é igual ao passado;
Com os mesmos acertos, as mesmas escolhas:
Sempre sentada na esquina, olhando para o futuro.

Façam suas preces, joguem seus dados
Na roleta viciada da sua própria vida.
Sempre as mesmas coisas, debaixo do mesmo teto,
Olhando para o horizonte,
De olho em algo que não se sabe,

Mas que é igual ao que já se foi,
Enquanto passa os dias
Procurando o futuro no passado.

Da mesma forma que sempre foi
Azeda, amarga, agradecendo ao ídolo dos anos 80
Por ter gosto na vida.
Por andar pela lama,
Lambendo o chão.

Como no futuro,
Prevendo o passado
Em bolas de cristal.

De pernas cruzadas, com olhos de raios-X
Planejando algo novo,
Mas não tão original;
Analisando o que já foi
Pra reproduzir um futuro

Igual ao passado
Com as mesmas preces, as mesmas expressões
Em rostos cada vez mais jovens.

Sempre com as mesmas fórmulas,
Pagando o mesmo preço,
Rastejando no mesmo lodo,
Pra ter o que reclamar
Nos oráculos empoeirados

De um futuro
Que é igual
Ao que já foi.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Súcuba

Se tu não fosses uma súcuba a invadir meus sonhos
Talvez eu me arriscasse a chamar-te de divina
Mas não há divindade que fomente tamanha sede
E apenas devorar-te não aplacaria fome tão repentina

Se tuas presas fossem mais bem escondidas por trás da inocência
Eu talvez acreditasse quando me dizes que não és nada feroz
E mesmo que meu sangue te escorresse pelo canto dos lábios
Por mais cruel que fosses, eu não te veria como meu algoz
E mesmo que me fosse negada a respiração
Seria uma doce negação se partida da tua voz

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A Santidade do Pecado

Meu corpo vaga, mas é como se ele ainda estivesse inerte
E evita fazer qualquer som, para que minha mente não desperte
Minhas mãos continuam intocadas pela santidade do pecado
E a inocência ainda me mente que não há nada de errado

A salvação da mente que se perde
É o sentimento que o coração não controla

O olhar é vago e as promessas vãs ainda tem seu muito do gosto
E seu dna permanece nas cicatrizes que permeiam meu rosto
Há um espinho em cada mão, mas o sangue não sai pela ferida
Ele vaza pelo olhar, por causa da promessa nunca cumprida

O ressentimento já foi amargo, mas agora não passa de insípido
E hoje resta como apenas uma lembrança de um sentimento ríspido
Agora resta apenas a dívida que nunca poderá ser cobrada
A eternidade que é mentira para manter a voz enjaulada

O sentimento incontrolável virou a salvação
Para o fragmento que se perde da mente
Aquela qualquer coisa que mantem a pulsação
Um pequeno pedaço de qualquer revelação
Para sustentar a sanidade decadente

Há algo que se perde cada vez que você mente
Um pouco do seu verdadeiro eu que desaparece
Em nome daquilo que você não sente
As brasas da fé que um dia já foi ardente
Se apagam e você aos poucos as esquece