segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sem Aviso

A alma condenada se prepara para o último recesso
Quando abrir os olhos, terá o último recomeço
E esse será o seu último passo
Ela talvez não aguente um outro fracasso
Outra queda trará apenas dor e decepção
Não haverá aprendizado na última incursão
Será definitivo, para o bem ou para o mal
Seja como for, será apenas natural

O gosto será azedo, e também doce como o céu
E também será tão dócil quanto cruel
Haverá recuperação, mas restará muito pouco
Depois do grito, só haverá um sussurro rouco
E exatamente por isso não há pressa nem urgência
Resta apenas ter um pouco de paciência
Pelo sim, pelo não, haverá ao menos um sorriso
E ele nascerá sincero, natural e sem aviso

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Era uma vez... Triste.

A casa, com seus tons pastéis, parecia aumentar seu tédio. E a garota, com os olhos negros e pálidos, fitava a borboleta, que se desvencilhava da fumaça e prendia sua atenção à medida que se aproximava da janela. Aquela chuva de fim de tarde parecia que ia inundar tudo que estava ao seu redor. Mas, no momento a única preocupação da menina era em livrar-se da mesmice do cubículo na qual se recolhera. A única cor em seu campo de visão vinha das asas cor mostarda da borboleta que, num momento de distração da garota, simplesmente sumiu da janela. O mundo da garota então ficava cada vez mais triste enquanto se transferia lentamente ao passado que ela lutava pra esquecer. A mente se enchia de idéias pavorosas e de ilusões que ficavam cada vez mais reais enquanto ela se encolhia embaixo da janela gradeada que era sua única passagem para o lado de fora das grossas paredes mal iluminadas. Havia ficado dias recolhida naquele espaço minúsculo e pouco mobiliado, mas, naquele fim de tarde, em meio aquela chuva, resolveu tomar coragem e libertar-se do seu mundo, que mais parecia uma prisão, a qual conhecia muito bem cada centímetro.

Girou então a maçaneta da porta que se encontrava aberta, correu pela casa velha e suja e, ao chegar a porta, apenas pensou naquela que, pra ela era a forma mais fácil de tirar seus pensamentos da mente. Sem hesitar, correu para o banheiro, tomou suas pílulas calmantes e meteu-se embaixo do chuveiro com a água mais gelada do que nunca. Queria limpar a mente, queria esquecer tudo que viveu e recomeçar, como um bebê que acabou de nascer. Então, abriu o vidrinho de xampu e espalhou pela cabeça. Achava que aquela mistura ensaboada pudesse entrar no seu cérebro e lavar sua memória. Esfregava a mistura também nos olhos irritados, não queria rever aquelas imagens de novo. Nem em pensamento. Aquele banho durou horas até o vidrinho recém-aberto esgotar-se por completo. Ela fechou os olhos com força, havia chorado até seu nariz entupir. Seu rosto estava inchado, mesmo com toda aquela água caindo agressivamente por ele. A mistura que ela jogou pelo corpo estava descendo pelo ralo, junto com sua memória recente. Ela sentou-se no chão verde do banheiro e simplesmente esperou a água escorrer o sabão imundo de idéias persistentes para fora de si. Mas os olhos irritados ainda podiam enxergar que o sabão escorria com dificuldade pelo corpo ainda vestido.

Foi acometida por uma fraqueza, via as paredes de azulejos amarelados embaçarem e girarem ao seu redor. Estava fraca. Sua visão ficava turva e os segundos, se arrastavam vagarosamente enquanto sentia mais shampoo escorrer pelo rosto. A suave espuma descia lentamente rasgando os olhos como uma tortura, uma tortura que ela mesma escolhera num impulso e da qual não se arrependeria. Aquilo parecia jamais acabar. Mas acabou. Ela esqueceu tudo o que lhe tirou o sono por anos a fio, quando caiu violentamente no chão do banheiro. Ninguém estava ali. Mas havia marcado um encontro as três com mais um daqueles bêbados nojentos que recebia naquele sobrado. As três, pontualmente, as batidas da porta podiam ser ouvidas por toda parte, os vizinhos ansiosos por algo que os distraísse, juntaram-se rapidamente na porta da insossa mocinha. Após incansáveis gritos e batidas, o grandalhão cambaleante meteu o ombro na porta já antes arrombada e entrou impaciente na casa, seguido de alguns intrusos curiosos. Correu para o banheiro ao ouvir o som do chuveiro ligado e encontrou uma mistura de sabão vermelha descendo pelo ralo. Era a garota, desmaiada pela força com a qual meteu a cabeça no chão ao cair. Reparou o vidrinho de shampoo caído ao lado dela que se misturava com seu sangue. Não sabia há quanto tempo estava ali. Apenas correu e pediu socorro, na esperança da pobre mocinha recuperar a consciência.

Após algum tempo, não sabia quanto, ela acordou, na mesma escuridão do lugar apertado onde vivera por anos. Acordara em seu caixão, que tinha um pequeno mostrador, igual à janelinha por onde sonhava com o mundo pra ela tão distante quanto outra dimensão. Dessa vez, a janela era um pouco mais escura, havia terra cobrindo-a, e aquelas memórias estavam voltando outra vez. Sentiu-se como no banheiro, aquelas visões a apavoravam, ainda sentia o cheiro de erva-doce do shampoo em seu rosto. Aquele desespero aumentava, o ar faltava e os segundos se arrastavam outra vez. A visão turva já não lhe preocupava como antes, nem a fraqueza do corpo. Não sabia onde estava, queria esquecer, queria sair, renovar-se, rasgar sua pele em cortes profundos como quem libertava as impurezas de uma vida inteira. Mas não conseguia. Não conseguia mexer-se, nem respirar, nem perfurar seu corpo. Mas conseguiu esquecer, dessa vez definitivamente. Foi vencida por um sono irresistível, do qual ela não sabia, mas não acordaria nunca mais.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Doença

As gotas ainda batem na janela
Trazem um pouco de caos e alegria
E fazem bem à minha mente
Assim como a sua companhia

A sua voz é ausente, mas ecoa
E repete meus pensamentos no vazio
Vocifera meu nome em silêncio
Para me provar que você partiu

Lembro que sua respiração seguia no mesmo ritmo que a minha
Enquanto sua fala ofegante me entregava o que você não tinha


As gotas ainda batem na janela
Trazem um pouco de caos e movimento
Algum outro som nesse lugar sem vida
Para talvez ofuscar o som do sofrimento

A solidão permanece em silêncio
Enquanto as paredes ganham contornos
E meu sangue, que já foi fervente
Hoje não passa de morno

Lembro que sua respiração seguia no mesmo ritmo que a minha
Enquanto sua fala ofegante me entregava o que você não tinha
Talvez você seja apenas uma criação da minha mente vazia
E talvez a realidade não suporte o que a minha mente cria


E eu me sinto indefeso como uma criança
Em uma tempestade, sem ninguém para dar a mão
Não há nenhuma voz para me acalmar
Apenas o som da chuva e do trovão

Como se estivesse nu e contra o vento
Aceitando o que o tempo joga em mim
Granizo e medo, relâmpago e dor
Esperando apenas que venha logo o fim

E eu ainda lembro das nossas respirações juntas
No silêncio, nossas vozes soavam como muitas
Talvez você tenha existido apenas na minha mente
Mas eu espero que eu não esteja tão doente

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Doce Amargura

Você não vê o quanto me atormenta

Saber que o seu começo é o meu fim.

Cada vez eu te entendo menos,

O que você quer de mim?

Se quer me deixar, se quiser que eu vá embora,

Melhor não me provar, mastigar, e me jogar fora

Pois esse sabor não durará muito tempo.

E depois de reprovar o gosto de nós dois

Sentado à mesa, me olha com indiferença,

E saboreia o amargo, doce fruto

Dos pensamentos que já dedicou a outra,

Enquanto eu te quis, e como fui tola,

O quanto que eu pude te amar;

Mas agora que sabe, o quanto desejei

Ouvir tua voz, poder te tocar,

Você sabe que tudo se foi.

E que já é tarde, mas estou aqui

Remetendo a tudo que me dói

Pra te dar um beijo antes de ir,

E te deixar com um gosto amargo

Do doce fruto de um adeus estragado

Que você vai ouvir baixinho

E saborear até o último pedaço.

Porque eu mastiguei essa dor por anos

Está na hora de vomitar pra viver,

De me virar e seguir meus planos

Mas dessa vez, eu vou sem você.

E você vai ficar e falar baixinho

E eu não vou estar aqui pra te ouvir

E isso vai doer, vai doer tanto

Que desejará para sempre não sentir

Assim como não te sinto, assim como não te ouço

Você entenderá o sentido que tem

Entrar em campo e perder o jogo.

Fique com nossa dor, fique com minha palidez;

Fique com a desnutrição que eu nutri mastigando você.

Ouça meu andar enquanto em afasto

E descubra que é só um sonho, você já perdeu meus passos .

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Versos Mudos

Recite aqueles versos mudos novamente
Eu tenho que ouvir o que você acha de um amor inconseqüente
Me diga o que o tempo tem lhe falado
Quero te ouvir dizer que não estou errado
Não quando digo que tudo pode ser eterno
Quando digo que para nós não há inferno
Apenas haverá o paraíso
Segure minha mão e é tudo o que eu preciso

Vamos andar um caminho irregular
Onde nada poderá nos parar
Nem o destino
Vamos viver o que há para ser vivido
Não há nada de errado em um amor incompreendido


Recite novamente aqueles versos que você fez
Eu preciso ouvi-los mais uma vez
Aqueles versos mudos que dizem tão bem
O que se passa em nossas almas e além
Repita aquela história sobre um coração
Aquela história que não passa de ilusão
Mas que nos serve como incentivo
Para que continuemos vivos

Vamos percorrer um caminho sem saber
O que faremos quando chegarmos ao amanhecer
Com o sol a pino
Vamos viver o que há para ser vivido
Não há nada de errado com um amor incompreendido

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ninguém entende, mas...

Às vezes as coisas parecem não fazer muito sentido pra gente. Na minha vida, as coisas parecem importar pouco ou fazer pouco sentido. Na verdade, nada faz sentido, e é aí que eu quero chegar. De vez em quando eu sinto alguma coisa. Assim, relevante, de verdade mesmo. Acho que não quero terminar a vida sem conseguir me lembrar de como eu me sentia quando era jovem, quando era triste, quando me sentia velha. Talvez seja por isso que eu escrevo, às vezes eu acho que se eu escrever, vou continuar sentido aquilo e, pra mim, isso vale mais do que tudo. Eu sei melhor do que ninguém que sentir qualquer coisa, boa, ruim ou muito ruim é melhor do que não sentir nada, senão as coisas ficam preto e branco, você fica dormente, não sente, não age, não vive, não se importa. Acho que realmente poucas coisas importam.

A gente sente necessidade de botar pra fora tudo o que sente, é como vomitar coisas em cima dos outros, coisas que não sujam, somente deixam você entediado, triste ou furioso. Talvez seja algo assim, mas quando eu abro a boca, não sai nada. Quando eu abro o coração, não sai nada. Quando eu realmente tento acreditar que tem alguma coisa, não tem nada. É assim que bonecos de ar se sentem, não tem nada neles. Não tem nada em mim, e com isso, também não tem nada em mais nada ou mais ninguém. E quando aparece qualquer coisa parecida com um sentimento, eu me agarro desesperadamente naquilo e tento fazer de tudo pra que não vá. Por isso eu escrevo. Porque algum dia eu sei que vou olhar e ainda vai significar alguma coisa. Pelo menos isso, as palavras não são tão podres quanto eu.

Quando me disseram: “não vou fazer isso sozinho”, foi criado o PP. E é como um filho, não dá pra fazer sozinho. Eu pensei que seria algo como um depósito de sentimentos, algum lugar pra guardar tudo aquilo a salvo. Algo parecido com um cômodo escuro, onde eu abriria a porta e, no lugar de móveis, veria sentimentos feitos com letras. Mas não é assim. É diferente. É mágico. É meu. É algo em mim que sente, e eu faria de tudo pra ele não ir embora. É egoísta, eu sei, mas eu me orgulho em ter algo de mim que sente, que ainda sente. Que sentiu, que vai sentir, e que vai estar lá e existe uma chance de alguém saber que é de verdade. É uma extensão de mim, é a parte de mim que realmente existe. É uma verdadeira panacéia, é o caos. É meu caos, e eu o escolho. Eu escolho sentir, eu escolho existir. Eu escolho o andarilho, eu escolho fazer bolo, eu escolho Vienna. Eu escolho você, eu escolho vocês. Eu me crio, eu me faço, eu escorro em (des)afetos desimportantes.

É isso que eu faço, é isso que eu sinto, é isso que me define. É o que eu sou, eu sou Sweetie, mesmo fora das letras. E alguns de vocês também são um pouco dele, de mim. Eu sempre disse que não importava o que ninguém achasse, eu apenas escreveria. Mas o PP também mudou isso. Eu ainda escrevo pra mim, e isso não mudou mesmo. Mas, quando eu posto isso, eu penso automaticamente: “espero que gostem.” E é isso que eu sou hoje, é o que eu sinto, é o que me completa. É o que eu tenho quando não tenho nada. É a parte de mim que sente, mesmo que sinta só bobagens que não importam pra mais ninguém. É a minha verdade, em cada letra. É isso que eu faço, é isso que eu sinto, é isso que me define. É o que eu sou, eu sou Sweetie, mesmo fora das letras. E alguns de vocês também são um pouco dele, de mim. São, talvez, meus queridos amigos imaginários, conjugando meus verbos e lendo os pequenos rótulos lá no fundo do que me resta, que dizem “por favor, toque”. É isso, é assim. É nosso. No início, era só de dois de nós, agora é de mais alguns. É de vários de nós, tudo é nosso. Ninguém sabe ninguém entende, mas a Panacéia Perversa de sentimentos, a vida... O mundo é nosso.

Cada vez mais,

SweetieSour .

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Ao Limite

Creia em mim quando eu lhe digo
Poderia ser pior que o castigo
Quando todos olhos se voltam pra você
E não há mais o que se fazer

Quando não há ninguém que lhe diga
Que a vida não é sua amiga
Talvez você demore para notar
Que o mundo não vai te segurar

Você pode orar à vontade
Implorar e se esbaldar em auto-piedade
Decidir que não quer saber mais
E fingir que, de alguma forma, isso traz paz

Até perceber que só você pode decidir
O poder é seu, de levantar ou cair
Mas até chegar ao limite
Você talvez não acredite

Existe muita dor, mesmo sem ferimentos
E um pouco de tempo entre os momentos
As lembranças não ferem mais, mas o vazio...

Todas as vozes no meio da multidão
Só ajudam a aumentar a sensação
De que algo ficou e muito se esvaiu

No céu não há nada além da lua
Não há nuvens, nem pessoas nessa rua
Mas pelo menos não está tão escuro

É possível se acostumar à solidão
Pois todas as vozes se silenciarão
Depois que for levantado o muro

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

21+B

Não tenho 60 anos, mas tenho vinte. Vinte e um, mas o último não vale. No meu ano “um”, o ano que sobra dos 20, eu descobri realmente o que é a vida. Não inteiramente, não seja tolo, ninguém sabe sobre a vida de verdade. Nesse ultimo ano, eu aprendi sobre pessoas. Sobre como elas são e como elas podem ser. Aprendi que nem todo mundo é completamente bom, e que conviver com alguém por anos (alguns anos dos vinte) não quer dizer que você conheça essa pessoa. Aprendi que o ano que excede os vinte foi um ano descartável de alegrias, mas imprescindível de aprendizados. Afinal, a vida também é isso, não é? Aprendizados. E eles sempre vêm, mesmo quando você não os quer. Acho que ninguém os quer, eu mesma não queria. Mas se tem algo que eu aprendi nesse ano que excede os vinte é que a gente não vive sozinha. Todo mundo tem suas escolhas na vida, mas às vezes a escolha não é nossa, mesmo que a vida seja. É uma escolha excedente. E imprescindível. Assim como o último ano, o outro é algo que quebra a harmonia e dificulta as nossas contas. Você não sabe quando somar ou subtrair. É o “um” que vai fazer a diferença no final das contas. É esse último excedente que vai te fazer errar. E é aquele único que quebra a harmonia que vai te fazer acertar também.

Por falar em harmonia, existem outros vinte em algum lugar do mundo que também teve muitos aprendizados. Vinte e um, mas um deles não conta. Não o último, apesar de não ter sido dos melhores. Mas já houve piores. Esse ano o fez mais forte e mais esperto. Esse ano um lhe fez bem, e lhe fazer bem me fez feliz. Ele me diria que é o que mais conta, que é um aprendizado e que o ano que excede os vinte, me fez diferente por toda a vida. Eu concordaria, acreditaria nele. Mas não quero contar com esse ano. Esse outro vinte e um também teve um excedente, também teve algo que não foi ele, também teve um aprendizado difícil. Todos os vinte (e os excedentes) tiveram. Mas aquele é o que me fez feliz no ano excedente. Que me fez feliz antes, e que eu exijo que me faça feliz daqui pra frente. Agora serão dois anos que excedem os vinte, e a minha vida tem outros vinte e um. Mas que sou eu, de uma forma diferente. No meu ano que excede os vinte, descobri que excessos não têm que ser ruins, principalmente quando se trata de excesso de felicidade. E agora, em um ano a mais que os vinte, eu tenho mais vinte e um. Sou quarenta e dois. Sempre terão excedentes, agora são dois anos que excedem os quarenta. Porém, depois de vinte e um anos a mais em um, eu aprendi que qualquer excedente vai fazer diferença. São dois anos que excedem os 40, e a harmonia está maior do que nunca. Talvez a diferença esteja aí, nos dois. Ou nos vinte. São quarenta e dois fazendo a diferença no mundo, nesse mundo que é nosso, e que ninguém entende.

Ainda não tenho 60, faltam 18 anos pra isso. Significa que virão 18 anos de tristezas, de alegrias, de aprendizados de promessas e dívidas a cobrar. Serão 18 anos de vida e de morte, de choros, de lamentos, de piadas e de imagens, muitas imagens. 18 anos de expectativas de um abraço, o abraço dos quarenta e (a) dois. Mas serão sessenta anos acompanhada, pro que der e vier. E, acredite, dará. E virá. E pode cobrar, meus vinte e um anos, porque sem você não sou quarenta. Não sou quarenta com dois. Não sou nem vinte e um. Sem meus vinte e um, não sou nem vinte.

SweetDevil .

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Felizes

Felizes somos nós que sangramos e por isso não temos medo da dor
Encaramos de peito aberto cada espinho e cada flor
Sorte temos nós que tememos o que é melhor
Pois assim não temos medo do que pode ser pior

Felizes somos nós que tivemos algo que nos foi tirado
Assim aprendemos que é nosso apenas o que alcançamos, não o que é dado
Felizes somos nós que aprendemos a sangrar sorrindo
Pois apesar do sangue, o amor ainda é bem-vindo

E enquanto o mundo à nossa volta sangra
Nós preparamos os curativos
Temos pena daqueles que se assustam
Apenas por estarem vivos

E enquanto o mundo à nossa volta chora
Nossas lágrimas são de alívio
Nos levantamos ainda durante a queda
Apenas para estarmos vivos