terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A Árvore Que Cai

Tal qual o pecador que já não se arrepende
E desistiu de fazer o sinal da cruz
Como o cego habituado à total escuridão
E que não tropeça em sua falta de luz

Eu me acostumei à ausência de vozes
E ao beijo seco e sem gosto do silêncio
Ao som da minha respiração una
A única que contradiz meu contra-senso

Sem mão alheia para aparar a lágrima
É irônica a completa falta de razão para ela
A sensação parece a de encarar uma parede
Indefinidamente esperando que se torne uma janela

E sabendo que mesmo que ela existisse
Luz não seria o suficiente para ver a paisagem
Não haveria nem sinal de sol no céu
Sem projetar sequer sombra da própria imagem

E quando se corrompe a auto-compreensão
O que resta são apenas as marcas na parede
Rasgadas a mão e tingidas de vermelho
Servindo de prova para o que a alma pede

Em cada um dos gritos que não recebe resposta
Como a árvore que cai na solidão de uma floresta
A súplica por uma resposta, mesmo que negativa
O rogo encarecido por uma mera fresta

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