quinta-feira, 1 de março de 2012

"The Big O"

E tudo parecia mágico. Era noite, seus olhos se fecharam lentamente. Pode ouvir seu próprio sussurro enquanto olhava para o fundo da sala cheia. Tudo estava lento, quase em suspenso, e havia uma melodia irresistível esperando por ele. Escondido atrás dos óculos, ele soube que nada o impediria de ser o que realmente era. Com sua grandeza, seus sonhos, um amor de veludo, que soltava melancolicamente como se fosse seu. Mas nem sempre era, apesar de poder sentí-lo como um beijo no canto da boca. Aquilo o fez permanecer imóvel, os olhos tristes guardados apenas pra si, engrandecido como ele próprio era, mas insistia em não saber. Desejou que aquele momento nunca acabasse, mas sabia que existia uma vida depois dali.

Como um palhaço sem futuro a caminho do eterno picadeiro, preso à eterna insegurança do que seria dele no segundo seguinte, ele abriu os olhos e soube que o sonho havia acabado. Dali pra frente, voltaria a ser o mesmo de sempre, sem o sonho, sem o medo, sem o amor que nunca teve. Estava vazio, e de repente não fazia diferença. Aquela noite mágica chegara ao fim, assim como sua fantasia de ser eternamente aquela melodia do amor que não era dele. Mas havia dado seu último adeus e aquele sonho era o fim de tudo, o que o fazia não parar de chorar. Como uma criança, desejou aquela mulher, aquele momento em que seria dela para sempre e que ela seria dele.

Em meio aos seus ingênuos desejos, nada acontecia. Aquele momento pertencia ao amor que não era dele, e as cores que o rodeavam na rua eram só uma moldura para a bela mulher dos seus sonho, azuis como veludo e brilhantes como a lua. Ela descia a rua lentamente, tão frágil, doce e dura quanto sua própria contradição. De tão única, o fez desacreditar, como se fosse uma afronta a todas as mulheres do mundo que existisse uma mulher como ela. Agora aquele amor pertencia a ele, aquele sorriso era seu novo sonho, distante como a alegria seria para um palhaço sem futuro. Mas ela veio, e estava indo em sua direção enquanto ele se preparava para ir pra casa e voltar aos seus sonhos. Era seu dia de sorte, pensou o grande homem cujo óculos escondiam os olhos tristes, e tinha certeza disso. A linda mulher que encontrava nas ruas depois de acordar dos seus sonhos de amor, o deixara sonhar um eterno sonho cada vez mais próximo.

Então ele soube que aquele era mais um sonho de amor, como todos os outros que vieram e que virão. Jamais seria o dono daquele amor que não era dele, e assim eram seus sonhos. O grande homem tão triste quanto um palhaço sem futuro que se escondia atrás dos grandes óculos estava marcado pra ser o único nos sonhos de todas as lindas mulheres, uma melodia triste e doce como ele e seus sonhos sempre foram. E o seu mundo azul onde desejou estar pra sempre estava cada dia mais próximo. E as belas mulheres de todas as ruas existentes no mundo o teriam sempre nos próprios sonhos, como se ele próprio fosse uma grande melodia feita de veludo.

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