segunda-feira, 2 de abril de 2012

Algo de Errado

Eram duas ou três da manhã e havia algo de errado. Ele não sabia exatamente o que, mas tentava descobrir pela quinta, talvez pela décima vez, já tinha perdido as contas há muitas noites. Encarava o teto como se esperasse alguma resposta, mas o teto permanecia sem responder nada. Não era a insônia, definitivamente não era, a ela ele já havia se acostumado. Talvez fosse o frio. Ele chegou a pensar em se levantar para fechar a janela, mas gostava da brisa noturna. “Não, também não é o frio...”. E então ele se cobriu mais com o lençol.

A noite passava lenta, a mesma noite que costumava passar num piscar de olhos, mesmo quando estava acordado. Ele pensou em levantar e tomar um pouco de leite quente, mas então lembrou que não ia conseguir dormir de qualquer forma. Então ele pensou em preparar um café forte sem açúcar, como ele sempre tomava, mas isso o fez sua cabeça ir parar nela. Foi aí que ele pensou da garrafa vazia ao lado da cama. De que era mesmo? Não importava... Eventualmente chegou àquele ponto onde começam os devaneios, os diálogos fictícios dentro da mente pontuados com algumas lembranças.

“- É isso então?
- Acho que é... Não tem muito mais coisas pra dizer. Eu, pelo menos, não tenho nada.
- E você tem certeza? É sério mesmo?
- Sim... Não dá mais...
- Até uma próxima vez então. Eu acho...”

Já era quase de manhã e ainda havia algo de errado. E ele ainda olhava pro teto esperando a resposta emanar do nada, sem saber o que era. A certa altura os primeiros feixes de luz do sol começaram a adentrar o quarto pelas frestas da janela. Nesse momento ele acabou virando a cabeça para o lado vazio da cama. De repente ele entendeu o que havia de errado. Havia um lado vazio na cama.

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