quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

21+B

Não tenho 60 anos, mas tenho vinte. Vinte e um, mas o último não vale. No meu ano “um”, o ano que sobra dos 20, eu descobri realmente o que é a vida. Não inteiramente, não seja tolo, ninguém sabe sobre a vida de verdade. Nesse ultimo ano, eu aprendi sobre pessoas. Sobre como elas são e como elas podem ser. Aprendi que nem todo mundo é completamente bom, e que conviver com alguém por anos (alguns anos dos vinte) não quer dizer que você conheça essa pessoa. Aprendi que o ano que excede os vinte foi um ano descartável de alegrias, mas imprescindível de aprendizados. Afinal, a vida também é isso, não é? Aprendizados. E eles sempre vêm, mesmo quando você não os quer. Acho que ninguém os quer, eu mesma não queria. Mas se tem algo que eu aprendi nesse ano que excede os vinte é que a gente não vive sozinha. Todo mundo tem suas escolhas na vida, mas às vezes a escolha não é nossa, mesmo que a vida seja. É uma escolha excedente. E imprescindível. Assim como o último ano, o outro é algo que quebra a harmonia e dificulta as nossas contas. Você não sabe quando somar ou subtrair. É o “um” que vai fazer a diferença no final das contas. É esse último excedente que vai te fazer errar. E é aquele único que quebra a harmonia que vai te fazer acertar também.

Por falar em harmonia, existem outros vinte em algum lugar do mundo que também teve muitos aprendizados. Vinte e um, mas um deles não conta. Não o último, apesar de não ter sido dos melhores. Mas já houve piores. Esse ano o fez mais forte e mais esperto. Esse ano um lhe fez bem, e lhe fazer bem me fez feliz. Ele me diria que é o que mais conta, que é um aprendizado e que o ano que excede os vinte, me fez diferente por toda a vida. Eu concordaria, acreditaria nele. Mas não quero contar com esse ano. Esse outro vinte e um também teve um excedente, também teve algo que não foi ele, também teve um aprendizado difícil. Todos os vinte (e os excedentes) tiveram. Mas aquele é o que me fez feliz no ano excedente. Que me fez feliz antes, e que eu exijo que me faça feliz daqui pra frente. Agora serão dois anos que excedem os vinte, e a minha vida tem outros vinte e um. Mas que sou eu, de uma forma diferente. No meu ano que excede os vinte, descobri que excessos não têm que ser ruins, principalmente quando se trata de excesso de felicidade. E agora, em um ano a mais que os vinte, eu tenho mais vinte e um. Sou quarenta e dois. Sempre terão excedentes, agora são dois anos que excedem os quarenta. Porém, depois de vinte e um anos a mais em um, eu aprendi que qualquer excedente vai fazer diferença. São dois anos que excedem os 40, e a harmonia está maior do que nunca. Talvez a diferença esteja aí, nos dois. Ou nos vinte. São quarenta e dois fazendo a diferença no mundo, nesse mundo que é nosso, e que ninguém entende.

Ainda não tenho 60, faltam 18 anos pra isso. Significa que virão 18 anos de tristezas, de alegrias, de aprendizados de promessas e dívidas a cobrar. Serão 18 anos de vida e de morte, de choros, de lamentos, de piadas e de imagens, muitas imagens. 18 anos de expectativas de um abraço, o abraço dos quarenta e (a) dois. Mas serão sessenta anos acompanhada, pro que der e vier. E, acredite, dará. E virá. E pode cobrar, meus vinte e um anos, porque sem você não sou quarenta. Não sou quarenta com dois. Não sou nem vinte e um. Sem meus vinte e um, não sou nem vinte.

SweetDevil .

3 comentários:

  1. Eu tava dando uma olhada no arquivo. Acabei relendo algumas coisas, caindo aqui e pensando que talvez eu nunca tenha te dito o quanto isso significa pra mim. Significa muito.
    Eu sei o quanto nós não temos nos falado nos últimos meses e tu não imagina como eu lamento(ok, talvez apenas tu consiga ter imaginação pra isso), mas ler o que tu escreve acaba amenizando um pouco dessa distância involuntária que nós acabamos por ter ultimamente.
    Te amo.

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    1. Mesma situação: acabei caindo aqui, pensando em como ou porque eu deixei essa vida simplesmente ir embora, e porque você se foi junto. Só que você nunca foi, eu quero acreditar nisso.
      Você significa muito pra mim, é uma amizade forte e querida. E pretendo mantê-la. Realmente me deixa com o coração partido passar tanto tempo sem falar contigo direito, mas é uma forma de passarmos um tempo juntos, ler isso.
      Te amo, mas é segredo.

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