domingo, 15 de julho de 2012

Sobre a Panacéia Perversa

Dizem que é fácil pensar em finais felizes, mas nem sempre é assim. Com o tempo, a vida me mostrou que "não ser feliz" e "ser triste" são, definitivamente, coisas diferentes. Neste momento da vida, é como estar diante de uma avalanche, um monte de gelo em cima de você, enquanto você procura com todas as forças algo que lhe aqueça o coração. Nesse instante, "não ser feliz" e "ser triste" podem até ser coisas diferentes, mas se completam e ajudam a falar sobre a minha história. Mas não é bem sobre o passado, é sobre o que isso me trouxe, e que parece impossível largar.
É sobre ter desaprendido a escrever finais felizes, ou até mesmo finais justos. Cada vez que eu penso em felicidade, eu penso em infelicidade, sempre tentando usar o lado ruim da vida para explicar o lado bom. Se me perguntassem há alguns meses atrás, eu poderia dizer que felicidade era um banho de chuva em um dia quente, um beijo surpreendente numa quarta-feira monótona, achar uma moeda na rua, ouvir algo doce ou gentil de alguém que não se conhece ou que não se espera, caminhar na praia, ter alguém pra te fazer cócegas até sua barriga doer de tanto rir. Mas hoje esses conceitos não são mais do que palavras que saem da minha boca vazias, percorrendo os ouvidos à procura de algum sentido. Nesse exato momento, minha felicidade seria descrita de forma diferente. Pra mim, se alguém quer saber, felicidade é algo entre aprender a deixar as coisas para trás e olhar pra frente e aprender a caminhar sozinha. Com o tempo fica cada vez mais fácil descobrir que você realmente está sozinha, você se olha no espelho e não existe mais nada nos seus olhos que te impulsionem pra algo que te preencha. É como perder a capacidade de ser feita de amor, de exalar toda a doçura que se tem guardada, de ter alguém pra perguntar porque coisas ruins acontecem às pessoas boas. É como precisar escrever coisas ruins sem sentido para desconhecidos, esperando que alguém chute uma carta no chão e se importe em lê-la até o fim (ainda que ela seja muito ruim). É como torcer por algo que não vai acontecer, esperar que alguém se importe com o seu dia ou cuide para que você não se atrase, esqueça o casaco ou durma na hora errada. Felicidade, pra mim, é ter esperanças, mesmo sem ter motivo algum, de que alguém vai ler sobre você, saber da sua vida, e se perguntar o que houve. É poder olhar nos olhos de alguém preocupado, é ter alguém pra espalhar toda a mágoa que se sente por não saber o que vai ser dali pra frente, poder exagerar nos sentimentos guardados. É não se importar em saber se alguém se importa, ser suficiente pra si, poder fazer algo de volta a quem te fez algo, seja bom ou ruim. Para mim, a felicidade só pode ser descrita, nesse momento, como o contrário da infelicidade, usar algo ruim para descrever algo bom, perverter os sentimentos escondidos em busca da cura. Para mim, felicidade é algo que eu não consigo ver na linha do horizonte, mas que, racionalmente, eu entendo que existe. Para mim, felicidade é a infelicidade de uma forma diferente, só não sei como.

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